Começo com a pergunta para a qual a maioria sabe a resposta e que, ainda assim, resiste a responder, encolhendo os ombros: se quer uma coisa diferente, qual é a razão de continuar a fazer igual?
Como consideras que defendes o melhor para todos, se não fazes cedências porque não te apetece? Se é um mal-estar teu, qual é a razão de achares que os outros têm a total responsabilidade em saber como resolver? Como é possível criticar e não apresentar soluções?
Se nunca falaste do assunto de maneira a que te possam ouvir (cativando e não resmungando), repetindo as vezes necessárias e de várias formas, como esperas que alguém adivinhe ou entenda? Por outro lado, se não tens capacidade de escuta, como esperas que alguém fale contigo e te apresente soluções (económicas ou lucrativas)?
"Ah! Eles não reconhecem o meu trabalho". E já reconheceste o trabalho deles? Ao que respondem "mas achas que há algo para reconhecer?" Há, sim! Sempre!
A empresa não está a cumprir a obrigatoriedade das 40 horas anuais de formação. Certo. E o que acontece quando uma alma iluminada "faz das tripas coração" para concretizar uma formação para os colaboradores? Eles reclamam, reviram os olhos, "não vou aprender nada com isto", "Tenho mais que fazer" e, quando vão, é de má vontade. E se for fora do horário de de trabalho: Ui! Quando achamos que sabemos tudo e que ninguém nos vai "ensinar o Pai Nosso", nunca é sinal de sabedoria e de bom desempenho.
Quem já trabalhou comigo, sabe que eu preciso de entender a razão das coisas e nem sempre concordava com as decisões, mas enquanto lá estou a trabalhar, e as tarefas não ferem os meus valores éticos, estou na linha da frente.
Em experiências de trabalho anteriores, enquanto gestora de pessoas, era conhecida como a "advogada do diabo". E o que faz esta "advogada do diabo"? Procura sempre compreender como é que cada um pode dar o melhor de si. Ouço para perceber e não para responder (é difícil e implica treino), consigo reduzir os conflitos entre colaboradores, pelo menos a um nível que não implique o ritmo do trabalho. Esta "advogada do diabo" ouve as soluções de todos e explica o porquê de não poder ser feito dessa forma, para que entendam que não é por pura implicância. Assim, também tinha o privilégio de ouvir e de testar excelentes ideias práticas que me apresentavam. E o reconhecimento era dado à pessoa. Esta "advogada do diabo" nunca ouviu um "Eu não faço e pronto", porque estava atenta a qualquer mal-estar e perguntava "como te podemos ajudar, para isso melhorar?" (e não comprometer o ritmo do trabalho). Ouvia os desaforos dos colaboradores e dos chefes e filtrava a informação necessária para chegar ao consenso e resolver o problema. Para persuadir e motivar, insistia com argumentos. Sempre consegui que a maioria colaborasse com vontade. Isto apenas com um único pozinho de "pirilimpimpim": Explicar tudo a cada um, dentro do seu grau de conhecimento, e assim todos sabemos o que estamos a fazer, para quê e qual é o resultado pretendido que depende…de todos! Celebrar, com ou sem sucesso, é Lei!
Esta "advogada do diabo", era happiness manager (gestora de bem-estar no trabalho) e não sabia. Agora sabe e vocês também.