2 anos volvidos, escrevo-vos este artigo em jeito de balanço deste último ano.
Sem dúvida um ano totalmente atípico na história dos 70 anos deste grande projeto europeu. Não fomos a Estrasburgo para as sessões plenárias, confinando o trabalho ao ecrã do computador e as sessões magnas a Bruxelas.
Neste último ano o Parlamento Europeu ultrapassou grandes desafios e mostrou estar à altura do seu papel enquanto legítimo representante dos 450 milhões de cidadãos europeus.
Conseguimos desbloquear e alcançar um acordo para o novo orçamento comunitário de 2021 a 2027 que responda aos desafios da transição climática, digital, acoplada a uma transição justa; negociamos a bazuca europeia, o folgo financeiro que permitirá enfrentar esta grave crise económica e social com mais e melhores ferramentas do que comparativamente a outrora; aprovamos os programas acoplados ao orçamento comunitário e torná-mo-los mais robustos, à altura dos desafios atuais; entre muitas outras iniciativas e programas que ultrapassam o limite máximo de caracteres permitidos nesta página, mas que no seu todo fazem com que o nosso modo de estar e viver seja com segurança, qualidade, paz e justiça.
A nível individual foi um ano de trabalho intenso nas áreas da saúde e focado nas especificidades das regiões ultraperiféricas. O planeta abalou em 2020 e, infelizmente, foi necessário uma crise pandémica de dimensões dantescas para o mundo acordar para a real importância que a saúde tem nas nossas vidas e no nosso modo de viver em sociedade. Dispensarei a descrição quantitativa, pois não faz jus ao conteúdo dos objetivos alcançados. Mas permitam-me umas palavras para dois projetos com grande relevo, dado o seu cariz de proximidade com aqueles que represento: o Roteiro Geração Madeira e o Concurso Europe Calling.
O Roteiro Geração Madeira é uma iniciativa que visa trazer ao nível local temáticas europeias e discuti-las com quem as vive diariamente. O objetivo pré-pandémico cifrava-se em percorrer os 11 concelhos ao longo do ano, colher em bruto os contributos no local e levá-los às instâncias europeias. Ainda nos seus primórdios, com quatro edições apenas entre Câmara de Lobos, Porto Santo, Santana e Ribeira Brava tivemos de interrompê-lo. Retomamos para discutir em formato híbrido, em São Vicente, o turismo e a sua recuperação, com os contributos de importantes atores do setor. Na 6.ª edição que decorreu estritamente online debatemos com os mais jovens políticas de juventude e por fim, já presencialmente, fomos à Ponta do Sol discutir agricultura e elencar as ferramentas existentes para tornar o setor mais sustentável economicamente e ecologicamente. Espero nos próximos 12 meses contabilizar muitas mais edições, pois será prova de que a UE está mais próxima dos seus, numa altura em que o seu futuro é debatido na Conferência sobre o Futuro da Europa.
O Concurso Europe Calling na sua 2.ª edição sob o tema de "Fake news: combate à desinformação" numa parceria entre o meu gabinete, a Secretaria Regional de Educação e o Europe Direct Madeira dirigido aos estudantes do ensino secundário da RAM. Que honra poder vislumbrar in loco a capacidade de superação dos nossos mais jovens num ano letivo completamente atípico e assistir aos vídeos publicitários das 17 equipas participantes. Os meus mais sinceros parabéns a todos os envolvidos.
Dois anos volvidos com o desafio acrescido do trabalho híbrido, pandémico, mas em constante proximidade com os madeirenses e porto-santenses. Venham os próximos três!
Sara Cerdas escreve
ao domingo, de 4 em 4 semanas