Mas não é sobre moda que irei escrever, mas da grande questão que envolve empresas, marcas e até políticos que se lançaram ao assalto da oportunidade do momento em termos de comunicação: a sustentabilidade ambiental.
Mais do que a cor verde, as chamadas "propagandas verdes" ou "greenwashing" têm vindo a crescer no meio político, com as suas matrizes propagandísticas que fazem com que determinada entidade divulgue alegadas práticas como sendo positivas, quando a sua atuação é efetivamente contrária e, na prática, ou é prejudicial aos interesses ambientais ou foca-se unicamente no lucro (de alguns).
Este fenómeno ficou bem patente na passada semana durante as celebrações da Semana do Ambiente, que se iniciaram (nem de propósito) no mesmo dia em que Francisco Taboada, Presidente da Empresa de Eletricidade da Madeira (EEM), admitiu um dos maiores falhanços na área ambiental nas últimas décadas na Região - a famosa fábrica de algas no Porto Santo.
Um projeto que que iria permitir a redução de 17 mil toneladas de fuel, diminuindo a dependência do exterior, e a redução de emissões de CO2 em 50 mil toneladas e assim tornar o Porto Santo numa montra de referência em termos ambientais e tecnológicos.
Uma infraestrutura megalómana que custou 45 milhões de euros aos contribuintes, sem qualquer plano estratégico e de rentabilidade económica.
Mas, um dos mais flagrantes elementos das declarações de Francisco Taboada, foi a admissão de que o projeto de produção de biocombustível através de algas marinhas implementado no Porto Santo foi um "falhanço" e que a EEM já o tinha percebido em 2014!!!
Ora, não podemos ignorar o facto dos sucessivos governantes terem dado garantias de retorno em 2016, 2017 e, mais recentemente, em 2019 através do Vice-presidente do Governo... isto quando a EEM já reconhecia a sua inviabilidade em 2014!
Optou o Governo por mentir aos madeirenses e por "deitar ao mar" mais 45 milhões de euros.
Numa Região onde existem claras carências ao nível da saúde, onde temos as mais altas taxas de desemprego e de risco de pobreza do país, este Governo Regional opta, simplesmente, por esbanjar 45 milhões que dariam para pagar 10% do Novo Hospital da Madeira, ou cujo investimento seria o suficiente para garantir 15 anos (!) de ligação Ferry entre a Região e o Continente.
A má gestão cresce enquanto a mão continua estendida para Lisboa, para que sejam os outros a resolver o que este Governo não sabe resolver. Para que sejam os outros a pagar o que este Governo promete pagar.
Passaram-se 14 anos desde a criação deste "elefante branco". Entre estradas das Ginjas, Teleféricos e reservas naturais abandonadas, pintam-nos uma "Região verde" que, por conveniência, só o PSD/CDS vislumbram.
Mas hoje começam a desmoronar as propagandas e assistimos à paulatina desacreditação de "aldrabices políticas" geridas, durante anos, com truques, habilidades e aparências.
Para o cidadão fica sempre uma certeza: que mudar ou não mudar será sempre uma opção política.