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Artigo de Opinião

2/06/2023 08:00

Afirmo-o de forma despudorada porque essa falta de capacidade tem sido cada vez mais evidente. Dou-vos um exemplo: esta semana, numa visita à Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Gonçalves proferiu dois disparates que apenas poderiam advir de alguém que não tem a mínima noção política. Em primeiro lugar, classifica de "eleitoralista" a decisão do Governo Regional de, finalmente, pagar o subsídio de risco aos enfermeiros que, em 2021, trabalharam diretamente com doentes infetados com Covid-19.

É um disparate de substância, porque revela que Sérgio Gonçalves desconhece a mecânica financeira e jurídica necessária à efetivação desta justa medida. E é um disparate de forma, porque demonstra que o líder dos socialistas madeirenses parece viver numa realidade alternativa: critica medidas legitimamente desejadas pelos profissionais, contribuindo para enterrar, definitivamente, o pouco prestígio eleitoral que ainda pudesse ter.

No mesmo dia, em declarações à Antena 1 Madeira, afirmou que, em igual sentido, ia a introdução da norma de vinculação extraordinária para os docentes com, pelo menos, dez anos de tempo de serviço e cinco contratos anuais completos.

Ora, uma vez mais, Sérgio Gonçalves parece desconhecer a realidade, quer na Madeira, quer no continente. Quando na Madeira é vivido um clima de estabilidade e paz na área da Educação, no território continental, governado pelo seu camarada António Costa, é a balbúrdia que se conhece, com alunos sem professores, provas em feriados municipais, greves consecutivas, professores com décadas de trabalho que não conseguem a sua vinculação e onde nem todo o tempo de serviço é contabilizado. Aliás, a diferença entre a realidade dos professores na Madeira e os do continente é tão evidente que até o próprio líder do sindicato STOP, André Pestana, exige que o Governo de Costa garanta a "equidade dos docentes do continente com os das ilhas, a quem já foi garantida a recuperação integral do tempo de serviço; o fim das quotas e vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões e melhores condições profissionais e salariais para o pessoal não docente".

Já no debate com Miguel Albuquerque, na Assembleia Legislativa Regional, criticou a criação de infraestruturas que beneficiam a população, como se o investimento em infraestruturas fosse um pecado capital! Como se as populações do Jardim da Serra ou de São Jorge não merecessem ter boas vias de acesso. Como se não fosse necessário investir em habitação social e a custos controlados. Como se fosse dispensável o investimento em energias renováveis ou nos recursos hídricos. Como se se não fosse urgente aumentar o número de camas em lares. Como se fosse possível não antecipar problemas futuros ao nível de acessibilidades.

Estes são exemplos bem ilustrativos da falta de jeito de Sérgio Gonçalves. Numa semana consegue atacar duas áreas de governação em que até os próprios sindicatos reconhecem que a realidade na Madeira, governada pelo PSD, é substancialmente melhor do que a vivida no continente, governada pelo PS. Lembro que o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal na Madeira afirmou que, uma vez que tem havido "um bom entendimento com o Governo Regional", os dirigentes regionais deram aos sindicalizados "luz verde para aderir, ou não, à paralisação". Mais, acrescentaram mesmo que a participação na greve do dia 12 seria apenas em "solidariedade para com os colegas do continente".

Depois daqueles disparatados cartazes que descrevem uma realidade onde o povo madeirense não se revê, depois de ter querido judicializar a política, depois de criticar todos os jornalistas, políticos, artistas e figuras públicas que vêm à Madeira elogiar a governação PSD, eis que agora aparece a criticar as políticas elogiadas pelo próprio público-alvo, classes e corporações para as quais são direcionadas.

E poderia ficar por aqui, que já é demasiado. Mas é pior: Sérgio Gonçalves, não tem uma ideia, uma visão, um pensamento estratégico para o futuro ou para o desenvolvimento económico e social da nossa Região. Dizia Platão que o líder político deve ser alguém que compreenda a natureza das coisas e possua uma visão ampla e abrangente da sociedade. Sérgio Gonçalves, todos os dias, nos mostra que falha em ambas as premissas. Mas falha ainda em algo que já me parece mais grave. Vai a reboque do que a clique que o rodeia lhe suspira, proferindo dislates, não percebendo que o que lhe é segredado não visa beneficiá-lo nem à sua imagem política, mas tão só ser câmara de ressonância de ideias bafientas e conservadoras, cujo objetivo final é garantir a perpetuação de todos aqueles que temem perder o poder - e os lugares! - que possuem no PS-Madeira.

Caro Sérgio, mostre que eu não tenho razão e desconfie do que lhe dizem para dizer. Pode ser que a partir desse momento comece a ganhar algum jeito para a atividade política!

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