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Artigo de Opinião

Economista

5/10/2024 00:00

Hoje comemora-se o nascimento da nossa República. Digo propositadamente nossa, porque aqui na Madeira, ao contrário do que muitos nos querem fazer crer, também se vive e respira a República. Não é nenhum ser alienígena no horizonte do Atlântico. Não é nenhum resquício do tempo da velha senhora que nos faz pedintes. Nem vive em constante litígio connosco. É uma instituição viva da nossa democracia, um espelho da sociedade portuguesa e dos valores. Se há quem a queira pintar como inimiga, compete ao cidadão perceber quem verdadeiramente lucra com essa estratégia.

Hoje é dia de celebrar os valores do republicanismo: a liberdade, a solidariedade, a democracia, a justiça social, a laicidade. Quando em 1910 Portugal derrubou a monarquia, caiu também por terra a formalização do peso da nossa condição de nascença. Aquela inevitabilidade que ditava que havia uma família “real” que por fortuito ocaso genético detinha mais poder sobre a representatividade política do nosso país do que 99,9999% dos restantes cidadãos. Com a queda desse mito ancestral, ascende assim a verdadeira igualdade perante a lei, fundamento sem o qual não existe verdadeiro desenvolvimento.

É também relevante notar que o feriado de hoje, dia da Implantação da República, se assinala nos 50 anos da Revolução de Abril, aquela que trouxe a Democracia à República. O 25 de abril que se marcou pelos 3 Ds: Democracia, Descolonização e Desenvolvimento. Princípios e objetivos só possíveis graças ao fôlego de liberdade na República revigorada.

Persistem hoje ainda demasiados obstáculos ao funcionamento do elevador social. Que desonra para a nossa democracia que a pobreza se replique geração após geração e com ela a violência social; que o crescimento da extrema-direita se faça à custa das maiores desigualdades sociais sem que lhes dê verdadeiras respostas (porque não tem interesse nenhum em as erradicar, bem pelo contrário!); que se olhe para o modelo neoliberal como meta quando a ausência de modelo de amparo social só conduz à erosão de paz social, numa luta desenfreada pelo grau zero de humanismo.

Este é que deveria ser o objetivo de qualquer agente político: como garantir que a condição de nascença de um qualquer cidadão não determine automaticamente a manutenção da pobreza, do subdesenvolvimento e da violência. Significa olhar para a sala de uma qualquer maternidade no nosso país e ver em todos os bebés uma folha em branco para ser escrita pela vontade infinita desses indivíduos, ao invés de ter um rol de dívida pré-escrito pelos seus antepassados. É essa a herança e a dádiva da República. Seja em Lisboa, no Interior, ou na Madeira.

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