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Artigo de Opinião

Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

11/10/2023 08:00

Desde logo, coloca-se a questão da integração e da visão transetorial e do bem-estar em todas as políticas. Este aspeto é particularmente relevante, na medida em que muitos dos resultados num determinado setor dependem do que acontece noutro. O trabalho, a saúde, a educação e o social estão muito ligados e determinam-se mutuamente, pelo que temos de continuar a atender ao desafio permanente de articulação entre os diferentes agentes e setores, o que não se restringe à formalidade da presença, mas inclui a conceção e a implementação das intervenções.

É também importante valorizar a noção de intervenções multinível e modeladas conforme as necessidades, sobretudo quando estas são cada vez mais variadas e os recursos limitados. Que medidas devem ser lançadas para toda a população (ie, são universais)? Que intervenções devem ser direcionadas para faixas mais específicas? E que ações devem existir para grupos e indivíduos selecionados? Em suma, intervenções com diferentes graus de intensidade, que respondem a diferentes graus de necessidade e que, portanto, estão otimizadas. E importa, neste âmbito, monitorizar a evolução e os resultados das políticas com indicadores agregados. Vários países, incluindo o nosso, têm indicadores de bem-estar que refletem como está a população a viver - o que inclui critérios desde o rendimento disponível até à compatibilização entre vida pessoal e profissional, passando pela qualidade do ambiente, acesso à habitação e equipamentos sociais úteis disponíveis.

Concomitantemente, a preocupação em implementar intervenções que mobilizem o conhecimento científico disponível e que, portanto, sejam baseadas na evidência. Trata-se de um aspeto particularmente relevante, face à exigência de serem entregues à comunidade as melhores intervenções e sobretudo num cenário de escassez de recursos e de muita oferta de programas e outras intervenções. Antes de lançarmos uma medida ou um programa para milhares de pessoas, temos de ter alguma evidência da sua eficácia ou, nem que seja, um compromisso em avaliar essa eficácia. E, se é certo que não se pode transformar em métricas detalhadas tudo o que se faz, também é certo que desenhar e implementar medidas com base nas melhores evidências e um compromisso em avaliar e monitorizar a eficácia das mesmas nos permitirá ser mais eficazes e eficientes face aos desafios sociais que temos pela frente.

Tal como noutras áreas, os desafios não se colocam apenas no plano quantitativo e na necessidade de mais ou menos recursos. Os desafios são também qualitativos e de otimização do que já existe.

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