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Artigo de Opinião

HISTÓRIAS DA MINHA HISTÓRIA

20/08/2021 08:00

Também me entristeço quando sou surpreendida por atentados paisagísticos ou contra o património como aqui já referi outras vezes. E regozijo-me quando algo de bom em prol da terra ou dos seus habitantes foi feito.

Este ano, fiquei feliz por ver o Padrão das Descobertas livre da sobrelotação do seu espaço envolvente com barracas e rulotes e toda a parafernália de tubos e cabos que as servem, bem como da imundice que resulta da atividade que, ali, em outros anos, acontece. A praça estava limpa e o monumento a sobressair no meio dela, como deve ser. (Não sei se em agosto assim se mantém). Também gostei de ver o Largo do Pelourinho, de novo, com palmeiras e bancos. Na promenade, ruas e jardins, funcionários da Câmara varriam e podavam a vegetação, aprimorando a sua terra para receber os veraneantes. — Pelas notícias de vandalismos vários que nos chegam este agosto, vejo, com mágoa, o desrespeito e incivilidade dos forasteiros.

Descendo à praia, alegrei-me com a redução dos guarda-sóis de produção massificada. Presentes estão os de estrutura robusta, cobertos com as folhas das palmeiras da ilha. São únicos, discretos e não interferem com a harmonia da paisagem. Assim, durante o dia, o areal cobre-se com chapéus-de-sol dos banhistas, como se uma plantação de cogumelos coloridos, de repente, crescesse do chão. Porém, ao cair da tarde, volta à sua essência, liso, sereno e belo, liberto da presença humana. O mar abre então leques de espuma e apaga as pegadas para que, na manhã seguinte, possamos ter a ilusão de sermos os primeiros a pisar o paraíso. Como eu gosto da praia assim deserta ao lusco-fusco! Lá mais distante do centro, não sei se a situação é igual, pois não me alonguei nas caminhadas. Nos últimos anos, vi como os hotéis vão tomando conta das zonas de praia que lhes são anexas, enchendo-as com espreguiçadeiras, chapéus-de-sol e tudo o mais que possa satisfazer a clientela ou aliciar o consumo. Todos afirmamos que a praia do Porto Santo é o paraíso e quase todas as imagens dela apresentadas, mostram-na sem esse mobiliário mais perene que a desfeia. Estranho o ser humano: gosta de sítios paradisíacos, mas logo que encontra um, trata de enchê-lo de tralha, usar e exaurir-lhe os recursos até à sua destruição.

Outra novidade que encontrei foi a delimitação com cordas e estacas de áreas junto às dunas. Uma placa ali afixada diz-nos que a duna está em recuperação, embora, até o momento, nada seja visível. Não consigo evitar algum sobressalto e faço votos que se proceda a estudos cuidados para que a intervenção não venha a destruir mais do que recuperar, para que possamos manter este paraíso.

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