Depois de refletir sobre a atual situação do PS-Madeira algo que fiz, considero eu, com a devida legitimidade para o fazer, independentemente das críticas (poucas, por sinal) que apenas valorizo se construtivas e emitidas por alguém que tenha contribuído para a causa pública tanto ou mais do que eu, não posso deixar de, ante o atual cenário da política regional, dedicar umas curtas considerações à posição do Dr. Francisco Jardim Ramos no âmbito das eleições à liderança do PSD-Madeira.
Estou na política ativa deste 1993 e, surpreendentemente, vejo agora alguém, de dento do PSD-Madeira, a confirmar uma realidade que todos sabemos há muito existir com a qual, há mais de 30 anos, me debato sistematicamente.
Os processos de pressões e saneamentos por elementos do governo são de facto altamente censuráveis, mas não existiam já no tempo em que o Dr. Francisco Jardim Ramos era Secretário Regional? Não foi ele próprio agente ativo e direto dessa forma de ser e de estar na política?
Que sentido fazem as críticas a uma forma de atuação que sempre caraterizou a forma de fazer política do PSD-Madeira ainda para mais vindas de quem adotou, enquanto governante esse modus operandi?
Apesar de ter subscrito a candidatura do Dr. Miguel Albuquerque, o Dr. Francisco Jardim Ramos emendou a mão e veio dar o dito por não dito. Veio dizer que afinal, bem vistas as coisas, preza a liberdade.
Perante este cenário, há uma questão que se impõe e que poderá, legitimamente, ser colocada por todos quantos tiveram que ouvir o Dr. Francisco Jardim Ramos, há meia dúzia de meses, nos adros das igrejas, fazer campanha para as eleições regionais, pedindo o voto no Dr. Miguel Albuquerque: o que mudou em tão pouco espaço de tempo? Como é que só agora lhe salta à vista algo que nos causa indignação há tanto anos, algo que de tão banal que é se tornou do conhecimento de qualquer madeirense e portossantense, algo que, com tristeza afirmo, alguns consideram já normal?
Mais interessante do que isso será tentar perceber, num cenário de eleições regionais, que postura será a do Dr. Francisco Jardim Ramos, daqui a um mês, se estivermos em plena campanha, e o que virá dizer à população do Porto Moniz? Vai deixar de prezar a liberdade em tão curto espaço de tempo? Vai, como dizem os brasileiros, ter a “cara de pau” de pedir o voto no PSD-Madeira e em Miguel Albuquerque partindo do pressuposto que ninguém se vai lembrar daquela que foi a sua posição? Teremos todos memória assim tão curta? Ofenderá dessa forma a inteligência do eleitorado?
Num processo de eleições internas, que se quer obviamente livre, todos têm o direito de se expressar e de manifestar as suas convicções, mas, nesta como noutras situações, deve sempre imperar a coerência e o caráter. Há que ter consciência alguns dos argumentos que se utilizam num processo destes, pelo seu teor, não findam no dia em que se apura o vencedor.
Quem respeita a liberdade e censura a violação de direitos, liberdades e garantias deve fazê-lo em toda e qualquer circunstância e não apenas quando isso, por qualquer razão, se mostra oportuno ou de interesse.
Passaram 30 anos e, infelizmente, há coisas que se mantêm exatamente iguais. Felizmente, a população mostra-se cada vez mais esclarecida e já não compra ao preço que lhe queiram vender.
Porque prezo efetivamente a liberdade, direi sempre o que penso sobre os mais diversos assuntos e remeter-me-ei ao silêncio quando entender que essa é a decisão mais coerente.
Aguardarei, confesso que com uma certa curiosidade, para tentar perceber se, num cenário de eleições, em tão curto espaço de tempo, todos os que disseram que o PSD-Madeira estava doente persistirão trabalhando na cura ou se se deixarão, novamente, contagiar pela doença.
P.S: Votos de uma Páscoa muito feliz para todos!