As suas gentes e a sua cultura são muito distintas das gentes e da cultura europeias e americanas, bem o sabemos! Cumprimentam uma mulher, sem lhe tocar, levando a mão ao peito em sinal de respeito e admiração!
Contudo, por ali também vivem radicais, extremistas, fundamentalistas religiosos que se alimentam do ódio, da raiva, da morte, da humilhação que não transformam as gentes deste país num bando de criminosos.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos da América, no dia 7 de outubro desse ano, e à revelia da "Organização das Nações Unidas" e com o apoio de outros países ocidentais, invadiram o Afeganistão com o objetivo de desmantelar a "Al - Qaeda" e retirar do poder os talibãs.
Não se olvide que naquele território, desde 1996 a 2001, os talibãs aplicaram severamente a "Xaria" (o Direito Islâmico) que teve por consequência o tratamento desumano de muitas mulheres e crianças afegãs. Efetivamente, e durante aquele período, os talibãs fecharam todas as escolas para o sexo feminino, proibiram as mulheres de trabalhar fora de casa, impuseram-lhes o uso da burca, proibiram a televisão, bem como o acesso à maior parte dos desportos e atividades recreativas e ordenaram que os homens usassem barbas.
Desde o final do ano de 2001 que por ali passaram as tropas de vários países ocidentais, (integradas em missões da NATO) designadamente as portuguesas, que foram dando sinais de esperança, de liberdade, aos mais fragilizados, às mulheres, às meninas afegãs!
E agora? Agora, e após o acordo que ditou a saída das tropas americanas do Afeganistão, até ao próximo dia 31 de agosto, as mulheres, as crianças, as meninas e as minorias, especialmente as tajiques, uzbeques e hazaras, escondem-se, fogem…, estão com medo, com muito, muito, medo!
Jovens mulheres já viram as escolas que frequentavam destruídas pelos talibãs, e vão chegando rumores de execuções sumárias, de mulheres forçadas a casamentos, de meninas obrigadas a abandonar os estudos…, e as mães … (?) desesperadas, entregam as suas meninas, às tropas americanas com a firme esperança de que tal entrega significará a porta da liberdade, do respeito, da dignidade.
As mulheres afegãs oferecem-se em sacrifício a um regime que muito dificilmente as aceitará como pessoas tão dignas como os homens, pelo que entregam os seus filhos às ditas tropas num extraordinário ato de amor e confiança num futuro livre da opressão.
Vivemos numa Europa, num País, numa Região que também tem as suas fragilidades que não são comparáveis com as que imperam por aquelas terras do Afeganistão. Mas o afastamento geográfico, ou as nossas preocupações, não nos podem deixar indiferentes ao drama de milhares de pessoas que por ali vivem. Daí que devamos exigir à comunidade internacional que utilize todos os seus expedientes e instrumentos para que as mulheres, as crianças, as meninas e as minorias afegãs não sejam violentadas, maltratadas, garantindo, sempre, a salvaguarda dos seus direitos fundamentais.
Urge atuar, pois uma esperança, uma fé sem obras, não é fé, não é esperança, apenas "um cadáver adiado que procria"! Que se faça tudo o que está ao nosso alcance para que não se deixe ninguém para trás, para que não deixemos morrer a esperança, a fé! Sejamos, sempre, sinal de luz no próximo, principalmente do que mais sofre!