Acompanho o Papa Francisco nas suas palavras, nos seus sentimentos, nos seus entendimentos e por isso nem imaginam a tristeza que senti ao ler o extraordinário artigo que foi escrito pelo jornalista Diogo Queiroz de Andrade, na "Revista do Expresso", edição 2607, do dia 14 de outubro, sob o tema "A batalha do nosso futuro".
Ali é referido que existe, agora, uma nova filosofia, denominada de "longtermism", que está a fazer caminho por entre os mais poderosos, e que entende que a humanidade deve dar prioridade ao futuro de longo prazo. Os seus seguidores consideram que a "prioridade moral do investimento" deve estar focada na melhoria de vida dos humanos no futuro, pelo que desvalorizam a importância dos problemas atuais, porquanto o importante é não colocar em causa a sobrevivência da humanidade. E para garantir a dita sobrevivência, então, valorizam e promovem a vida das pessoas que se encontram nos países ricos, pois estes têm mais e melhor inovação e os seus trabalhadores são muito mais produtivos, considerando que as pessoas que vivem nos países mais pobres serão, naturalmente, sacrificadas por um "bem maior" que será o de garantir o futuro da humanidade que, apenas, está, pelo que parece, acessível a alguns. Para este forma de pensamento o que interessa é garantir o dito futuro da humanidade, ainda que à custa dos mais fragilizados, dos que pouco ou nada têm. Daí a adoção de estratégias, de políticas, que desvalorizam o aquecimento global, e o apoio que por esse mundo vai sendo conferido a regimes, a políticos autoritários, que têm o foco único no crescimento económico, no utilitarismo que olvida os países mais pobres, as pessoas que não tiveram a oportunidade de nascer "num berço de ouro".
Sem darmos conta esta corrente filosófica, que se pretende transformar em ideologia, vai, conforme já referido, fazendo o seu caminho…, olhemos para o que está ao nosso redor…!
Acredito que é, principalmente, nos momentos de crise que reconfiguramos os nossos horizontes e alcançamos qual o caminho a seguir que terá, necessariamente, de contar com todos, principalmente, com aqueles que mais sofrem…!
A decisão que, hoje, for tomada influenciará todos os que estão ao nosso redor… e nunca seremos felizes, nunca teremos uma sociedade mais humana, inclusiva, se a dita decisão se destinar, apenas, a alguns, a uma pequena elite, esquecendo que o bem maior é o BEM COMUM.
Nunca viverei bem, sabendo que o meu irmão, esteja onde estiver, sofre … que procura aquele hospital para se alimentar e para conversar e que nada foi feito para se evitar aquela procura que é sinal de abandono de uma sociedade que parece não escutar os mais fragilizados…, aqui pecamos todos, pois afastamo-nos do Amor…, este Amor que deve colocar o "Nós" antes do "Eu" que olha para as pessoas com histórias e rostos e não como números, estatísticas ou com critérios de utilidade.
Estejamos atentos e saibamos identificar as políticas que não deveremos sufragar, porquanto olvidam a Pessoa, o Bem Comum, e contribuamos, com o pouco que temos (com humildade e cuidado pelo outro) por um mundo que se pauta pela colaboração mútua e, sempre, em prol dos mais fragilizados…, esta deverá ser, sempre, a nossa batalha!