MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza

1/09/2021 08:02

A RAM não pode fugir à regra e também é afetada por estes fenómenos extremos, embora por ser uma ilha com menos severidade, mas o Governo Regional através da Secretaria Regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas já elaborou e aprovou a Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas, que se encontra agora em fase de implementação.

Numa breve pesquisa realizada, verifiquei que estão disponíveis registos por parte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) na Madeira desde 1865, tendo verificado que nos últimos 12 anos valores registou-se recordes de quase todos os parâmetros meteorológicos. Maior valor da precipitação media anual, menor valor da precipitação media anual, temperatura mínima mais elevada, ano mais quente de sempre, registo da rajada de vento mais forte de sempre, entre outros parâmetros.

Para os mais sépticos, aqueles que achavam que esta "coisa" de alterações climáticas seria para gerações futuras, ou que era invenção de cientistas, está comprovado que não o é, e que os alertas são para levar a sério. Mas o que implica levar a sério? Implica que todos nós mudemos hábitos e atitudes no nosso dia a dia.

Não obstante o trabalho já efetuado por diversas entidades, cada cidadão tem um papel importante no combate às alterações climáticas, tomando consciência do contexto atual e tomando no seu quotidiano atitudes responsáveis e consentâneas com essa realidade.

Uma dessas mudanças é sabermos quais os comportamentos corretos que devemos adotar em todos os contextos meteorológicos extremos, evitando riscos.

Recentemente a Madeira esteve em alerta vermelho para o risco de incêndio para as zonas montanhosas, que é o mesmo que dizer que esteve em alerta vermelho para a zona florestal. Este risco máximo de incêndio implicava temperatura altíssimas (acima dos 35ºC), humidade relativa do ar baixíssima (muito abaixo dos 30%) e rajadas de vento muito acima dos 30 Km horas. Este cenário por si só "bombástico", tornou-se mais grave com os dias antecedentes de temperaturas elevadas que provocaram naturalmente a maior perda de humidade por parte da vegetação.

Perante este cenário e o alerta vermelho, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) e outras entidades emitiram alertas à população. O IFCN interditou todas as zonas de churrasco em zona florestal, para que não houvesse qualquer utilização de fogo na floresta. Reforçou a informação da proibição de queimadas e fogueiras nesta época do ano e reforçou ao máximo a vigilância, principalmente com o Corpo de Polícia Florestal, contando ainda com presença de Vigilantes da Natureza e operacionais do IFCN. Outras entidades e agentes de proteção civil tomaram também medidas com o objetivo de prevenção de incêndios.

Pois bem com todos estes alertas, informação e divulgação ainda assistimos a pessoas a não levar a sério estes alertas e a efetuarem fogueiras nas serras, a realizarem churrascos em zonas de grande risco, lançarem foguetes e trabalharem com máquinas que provocam faúlhas. Estas não são atitudes admissíveis e no que se refere aos incêndios florestais, a estatística determina que muitos dos grandes incêndios surgem por atitudes negligentes, existindo mesmo na Madeira exemplos de grandes incêndios por atitudes negligentes.

Temos todos de tomar consciência que os alertas das autoridades são para levar a sério, e que implicam alterações de comportamentos. Não podemos utilizar o fogo da mesma forma quando condições meteorológicas extremas estão presentes. Há que perceber que temos responsabilidades nos nossos atos, e perceber que atitudes como as verificadas são puníveis legal e judicialmente.

É preciso lembrar e relembra que uma Floresta Segura depende de todos nós.

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