As creches são espaços essenciais ao desenvolvimento infantil tornando-as mais autónomas e menos dependentes dos pais ou demais familiares. Por outro lado, e está comprovado, que promove igualmente uma melhor sociabilização, importante para a convivência com os demais, inclusive familiares, e estimula desde logo a alfabetização. Há uma maior e mais rápida evolução psico-motora, sobretudo em comparação com as crianças que permanecem em ambientes familiares. Na creche adquirem um grande número de competências tendo em conta o propósito pedagógico destes espaços e são motivados para o sentimento de partilha, sobretudo quando são filhos únicos (pormenor bem comum num grande número de famílias por estes tempos de instabilidade socioeconómica que os sucessivos governantes tendem a não contrariar...). O incentivo natural à partilha, é um elemento humanizador para as crianças e até as habilita a resistir socialmente à frustração. Mas também a aprendizagem e a criatividade através de brincadeiras, são mais facilmente estimuladas neste ambiente de educação e de crescimento emocional, motor e cognitivo.
Especialistas defendem ainda que as crianças desde cedo, podem e devem ser incentivadas para a assumir responsabilidades pelo que é seu e pelo que é de outros , cuidando "das suas coisas" e arrumando-as, e criando desde logo consciência do seu bem-estar e o bem-estar dos outros, e das suas conquistas e escolhas o que , sem dúvida, terá repercussões fundamentais no seu estado juvenil e adulto, no futuro.
No âmbito da afetividade, está também apontado que as creches beneficiam o importante desenvolvimento afectivo das crianças até porque desde cedo lhes possibilita as primeiras amizades, para além da afetividade familiar, o que as torna mais auto-confiantes e menos dependentes além de uma melhor capacidade de se adaptarem a mudanças ou a novos acontecimentos e circunstâncias.
Mas não menos importante, as creches contribuem comprovadamente para o sucesso académico das crianças e, portanto, privar uma criança de frequentar a creche, pode colocá-la desde logo em desvantagem com outras crianças que a frequentam, promovendo a sua exclusão e o risco de insucesso escolar.
Perante o descrito, que esperam os nossos governantes para implementar - a bem das crianças e famílias da RAM - uma Rede Regional PÚBLICA e gratuita de creches que cubra as necessidades da região? - para mais num momento tão difícil para muitos agregados familiares confrontados com uma inflação incomportável em produtos de primeira necessidade e o aumento de juros nos empréstimos para habitação o que lhes tem diminuído. substancialmente os rendimentos.
Não é só a gratuitidade que se trata, é de uma Rede Pública que garanta a universalidade e o alargamento da própria gratuitidade como direito fundamental das crianças da nossa região, onde nem todas têm vaga nas creches ou porque os pais não conseguem assegurar as mensalidades ou porque o número de vagas diminuiu nas creches públicas.