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Artigo de Opinião

Deputado

14/10/2023 08:00

O risco da escolha, do sufrágio, da decisão. O risco de não ser compreendido, da impopularidade e do julgamento fácil na praça pública e nas tão propaladas redes sociais digitais, que Sá Carneiro teve a felicidade de não experienciar. O risco fértil e grávido que aumenta a adrenalina e distingue o político. O risco que alimenta, faz viver e vibrar politicamente. O risco que é tudo!

A ética, etimologicamente grega, relativa aos costumes, à moral aos deveres do ser humano e que estabelece um código de conduta e princípios pelos quais se rege o indivíduo no quadro de uma profissão ou de uma atividade. A ética que eleva o político, consciente do risco, mas que não sucumbe ao populismo ou à decisão fácil. A ética que reconhece a oportunidade mas não envereda pelo oportunismo, focado no score eleitoral do momento e do instante fugaz sem visão nem futuro.

Pensamentos que me inquietam neste início de nova legislatura, num hemiciclo em nove partes repartido, mesmo que quatro delas juntas não cheguem a 10% das opções dos votantes, Mesmo que a mais representativa ultrapasse os 43% mas não seja suficiente para liderar sem acordos. Pensamentos que me inquietam sobre a ação diária a executar e implementar, para que a política não se torne chata, banal e sem risco e não perca a orientação ética assente nos princípios que norteiam os costumes e as decisões que elevam o político e distinguem a atividade política com visão e futuro.

E nestes últimos dias foi presenciar já comunicados e reações manifestando solidariedades, anunciando disponibilidades e desejos de visitas quando o lume ainda arde e nem o rescaldo foi possível fazer. A tranquilidade do conforto do gabinete, da assessoria que redige e do desejo (des)controlado de uma imagem, de um instante, junto de um cenário que certamente dará muitos likes e permite seguir de volta com um sorriso de fariseu dissimulado de solidário.

Desconfio que outros cenários se seguirão por quatro anos, conformes e disformes, mais ou menos catastróficos, dissimulados no anúncio da importância para a promoção da literacia mediática construindo-se cidadãos críticos e conscientes, que distinguem factos de opiniões e notícias de fake news. A ansiedade pela popularidade, tolda o pensamento e faz fraco o espírito, produzindo políticos banais, do momento, de chama fria que não deixa rasto de construção.

Elevar a política que prospera, que não se rende à fugacidade do instante ou à efemeridade do episódio pouco importa. A próxima década é lá longe e a transformação geracional aliada à elevação social coletiva é uma miragem para quem tem como horizonte a sua barriga, o seu umbigo e o afagar de um ego maior que o seu mundo. O que importa é manter a chama acesa do voto pelo voto, sem risco nem ética. Gostava de muito de estar enganado!

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