O número de aumento de infetados e de óbitos volta a ser aterrador. Nas notícias diárias, fala-se em variantes, reinfeções e vacinas. Portugal lidera a posição de ranking de um dos países com mais casos de infeções na Europa, classificando-se em terceiro lugar a nível mundial.
Efetivamente, Portugal precipitou-se. Enquanto que aqui, na Ilha da Madeira, o Governo justificava a antecipação nas medidas de alívio como forma de responsabilidade e de prudência, no Continente despenhou-se por completo quanto à eliminação do uso de máscara, ao corte na oferta de testes gratuitos nas farmácias e à abolição do teletrabalho sendo o presencial a regra.
Todos pareciam não querer ver o que era previsível: o aumento de infeções, de reinfeções e de óbitos.
Desde então, o aumento nas infeções em Portugal atingiu um índice de transmissibilidade superior ao que muitos imaginavam e entrámos rapidamente numa sexta vaga de Covid-19, que veio em grande força. Os casos aumentaram causando novamente pressão nas urgências dos hospitais e na linha da saúde 24, as mortes continuam nas dezenas diárias e, na minha perspetiva, não pode valer tudo. Costuma-se dizer que é com os erros do passado que aprendemos. Mas finalmente, uns quantos peritos vieram aos holofotes confirmar o óbvio, ou seja, uma precipitação no abandono do uso das máscaras.
Será que o Governo olha para os custos de conter a economia versus as mortes causadas, considerando as mesmas como "danos colaterais"? Todos temos conhecimento das dificuldades financeiras do nosso país, o que leva à falta de eficiências dos serviços com que os portugueses se confrontam diariamente.
Mas a verdade é esta: por mais que queiramos voltar ao nosso "normal", temos que ser realistas, conscientes, responsáveis e perceber, de uma vez por todas, que não vale tudo! E isto é algo que todos nos devemos consciencializar, enquanto cidadãos e seres individuais.
No outro dia, qual foi o meu espanto quanto recebi indicação de que numa reunião de encarregados de educação (do qual estava presente, presencialmente) uma das mães estava infetada e sem máscara. O meu espanto não foi o facto de ter Covid-19, mas sim o facto de ter conhecimento que o seu marido estava infetado dias antes e, mesmo assim, resolveu vir à reunião - sem máscara - colocando todos os outros pais numa situação de contacto de risco, evitável! "Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância", já dizia o famoso Hipócrates.
Portugal é um dos países do mundo com mais infeções diárias. A sexta vaga chegou em força, e duas sublinhagens da Ómicron vieram de novo baralhar o rumo da pandemia.
Recentemente, a Diretora Geral da Saúde veio à comunicação social elucidar sobre esta nova fase, com o intuito de esclarecer algumas questões sobre a nova linha linhagem da variante Ómicron. Dias antes, a Ministra da Saúde também explicou o que todos nós já sabemos, ou seja, a recomendação do uso das máscaras, a utilização de autotestes e novas dosagens de vacina. E eu pergunto: é só isto que têm para dizer? Ficamos assim com as recomendações do costume? Vamos assistir ao barco a afundar? E o delineamento de outras medidas de fundo de contenção da pandemia?
Mas para além da Covid-19, outros vírus estão a preocupar: monkeypox e a hepatite aguda infantil. Eu pergunto: onde é que vamos parar?