Inovar deriva do latim innovare. Simplesmente, significa incorporar, trazer para dentro, inserir o novo, a novidade. A realidade é que, nunca como atualmente, a palavra inovação, habitando no léxico português, vem sendo usada com tamanha frequência. Seja no mundo das empresas, no desporto ou na academia, inovar passou a estar no pensamento e no falar.
Impressivamente, vamos vendo o conceito inovar circunscrito, muito pelos decisores públicos e empresariais, à tecnologia, como se esta subsumisse aquele conceito e na sua integralidade. Não deixa de ser compreensível! A tecnologia habita os nossos dias, o nosso quotidiano, e este está, cada vez mais, conectado, digitalizado, automatizado.
Para muitos, seguramente a partir da 1ª década do Sec. XXI, já entrámos na 4ª Revolução Industrial. Aqui, a acumulação de dados digitais, conjuntamente com o processamento algorítmico, aliados à confluência de todas as tecnologias que “transitaram” das Revoluções Industriais do passado, se multiplicam. Depois da 1ª Revolução Industrial onde a máquina, pela primeira vez, na história da Humanidade, surge e ocupa lugar relevante; e das 2ª e 3ª Revoluções Industriais onde a eletricidade, o petróleo, as comunicações, o digital e eletrónica, a robótica, se instalaram no quotidiano, alterou-se de vez o curso da História do Homem.
Todos estes desafios vêm sendo apresentados de forma intensa. Sobretudo, a uma velocidade que no passado todas as inovações e saltos tecnológicos não almejaram paralelo. Vêm trazendo, ainda, só no mundo organizacional, novos paradigmas de desenvolvimento e abalaram, com estrondo, os alicerces da economia política do nosso século, ao reinterpretarem o papel da máquina a vapor até ao transístor, do passado; ao considerarem todas as tecnologias, no presente. Veja-se, por exemplo, o caso das criptomoedas que suscitam o próprio valor da circulação física da moeda e colocam o patamar das relações financeiras e económicas a um nível de impessoalidade e abstração absolutos.
Não obstante, talvez não deva ser obnubilada a faceta “humana” do innovare. É que, a mais valia da inovação radica na cultura e na estratégia competitiva e esta deve incorporar-se nas organizações, que a colocam como central. Quando olhamos com atenção à nossa volta e vemos as organizações de sucesso, acabamos por encontrar, com maior ou menor destaque, uma cultura de inovação que ali se encontra incorporada. Mais, descortinam-se nas lideranças estímulos que permitem antecipar, criar e gerir as mudanças. Aliás, nestas organizações, habita e pratica-se internamente um clima organizacional, que inspira e impele cada elemento a ser, ele mesmo, quotidianamente, agente de inovação.
Inovar implica, assim, estar preparado e motivado mental e culturalmente. Sendo que, com o foco da organização, estas dimensões acabam por estar intimamente conectadas e uma acaba condicionando a outra. A dimensão mental impõe, aliás, uma predisposição e uma abertura à diferenciação, um querer pensar de forma diferente; enquanto a dimensão cultural implica um contexto organizacional aberto e livre de preconceitos, que acolhe e promove a curiosidade, a criatividade e o pensamento disruptivo que abraça todas as ideias.
Se a inovação se faz com as pessoas e para as pessoas deve então ser partilhada a todos nos níveis, funções, cargos, categorias e deve incorporar competências e responsabilidade de todos.