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Artigo de Opinião

26/03/2024 08:00

Há uma Madeira antes e depois do dia 24 de Janeiro. Muito aconteceu desde que escrevi a minha última crónica. As opiniões dividem-se, mas ninguém consegue ficar indiferente.

1. O “grande polvo”

O PSD/Madeira, obrigado a reagir, foi a eleições internas numa tentativa de limpar o nome do partido. Contra tudo aquilo que seria normal e expectável, Miguel Albuquerque, volta a ganhar a liderança do PSD.

O “grande polvo” decidiu! Para a “cúpula”, pouco importa a corrupção. Desde que estejam bem alimentados, os restantes que se desenrasquem, como disse a rainha francesa Maria Antonieta: “Se o povo tem fome e não tem pão, que coma brioches”!

2. Vale tudo menos arrancar olhos

Se havia a ilusão que Miguel Albuquerque tinha alcançado uma maior democratização da política regional, as eleições internas deitaram tudo por terra. O medo de perder o poder, trouxe o que de pior existe na política. Quem não postou uma foto de apoio, perdeu a viagem. Que o diga o Presidente da JSD, Bruno Melim, que pagou o preço por querer ver onde paravam as modas, antes de tomar posição.

As denúncias da candidatura de Manuel António Correia destaparam os golpes de secretaria e a intimidação. Se se comportam assim com os seus próprios pares, imaginem com a oposição.

A angariação de votos por telefone também ficou imortalizada, pelo Secretário da Saúde, apanhado a usar o cargo que ocupa para influenciar o voto na candidatura de Miguel Albuquerque. Quando se usam os meios da Região, descaradamente, para comprar votos, não há condições para se manter no cargo.

3. Caça às bruxas

Pedir a demissão forçada na primeira página dos jornais dos cargos de confiança política de todos os elementos que apoiaram a candidatura derrotada é escancarar uma caça às bruxas. Fazê-lo publicamente não só é de mau tom, como revela a falta de amadurecimento democrático de quem quer fazer desta cisão um exemplo a não repetir. Frases como “azeite quente” em cima dos derrotados, ou “Roma não paga a traidores” são a cereja no topo do bolo.

4. Purgatório

As eleições legislativas poderiam ter sido um indicador do que a população quer para o futuro da Madeira, não estivesse o PS também metido na corrupção até à ponta dos cabelos. Os mais esperançosos, acreditam que os eleitores da Madeira quiseram penalizar o PS nas eleições nacionais e que, nas próximas eleições regionais, irão penalizar o PSD pelo saque ao orçamento público. Igualmente, vão apanhar os partidos que foram muletas como é o caso do CDS e do PAN.

Depois da ascensão de forças com ideias de mil novecentos e troca o passo, nas eleições de 10 de Março, ninguém sabe o que decidirá Marcelo e se o Parlamento madeirense será dissolvido. O bipartidarismo está em sarilhos e, por tabela, a Madeira não sai do purgatório.

Ironicamente, pelo caminho, até um dos protegidos de Jardim foi eleito à Assembleia da República pelo Chega. Se o voto de protesto não tivesse sido tão mal empregue, até tinha sido cómico assistir ao raspanete que este levou em direto.

5. Pior que a corrupção na política é a corrupção na justiça

Foi preciso uma ação de fora, para sabermos a corrupção que havia dentro do arquipélago. É razão para perguntar o que a justiça na Madeira andou a fazer estes anos todos. Além de perseguir os opositores do regime?

Após a investigação do DCIAP, se não for agora, a alternância política não vai ser nunca. Se o atual regime sobreviver ao escândalo de corrupção, será a maior obra do PSD na Madeira.

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