Por estes dias, foi noticiada a presença do Secretário da Saúde, novamente, na ilha dourada. Até aí, tudo bem. Nenhum mal vinha ao mundo. Julguei que fosse apenas algum problema com a fechadura da casa do Porto Santo. Sim, uma vez que há dias teve que lá ir fechá-la, das duas uma... Ou se tinha esquecido se tinha, de facto, trancado (e atire a primeira pedra quem nunca voltou atrás para se certificar se bateu mesmo a porta), ou tinha voltado para a abrir e deixar, porventura, a arejar!
Só que não. Afinal o Dr Pedro estava lá sim, mas no centro de saúde. Falava-se numa indisposição! Tratei de saber se era algo preocupante ou decorrente de apenas algum excesso. Tranquilizaram-me, dizendo que estava “tudo controlado”. Mais confortável, continuei a minha vida. Afinal de contas, sem Presidente do Governo nós já nos habituámos a viver... Mas com o Secretário da Saúde sem saúde?! Não. Nem pensar.
Porém, mais tarde, vi um novo título noticioso em que se dizia que o governante se encontrava a aguardar a chegada de uma aeronave, proveniente do Montijo, para ser transferido para a Madeira! E foi aí que temi o pior... É que não sei vocês, mas de há uns tempos a esta parte, sempre que oiço falar em aviões da força aérea que transportam governantes, até me arrepio. Sobe-me um arrepio pela espinha. Começo a suar das mãos. Treme-me o queixo. Fico fora de mim.
Voltei então a encetar contactos (foi um e para o meu pai) que me voltaram a aquietar. Garantiu-me que o Dr Pedro estava estável e não iria ter que passar pelas urgências, ser sujeito a triagem e arriscar-se a levar com uma pulseira verde ou ficar “jogado” nalgum corredor. Fiquei a torcer para que fosse verdade e tudo se compusesse rapidamente. Aliás, foram esses os votos, sinceros e genuínos, que fiz questão de enviar antes de tentar descansar...
Já na manhã seguinte, cedinho, tinha um sinal positivo. Em resposta, o punho fechado com o polegar levantado deixou-me feliz. Aquilo que todos andamos a fazer desde que nascemos, que nada mais é do que fintar a morte, tinha sido alcançado com sucesso. Tudo não tinha passado de um susto e, no final de tudo, era Pedro Ramos 143 - Indisposição 0.
Todavia, continuaram a correr rumores. Uns juravam que tinham ouvido que estava pior. Outros que ia ser operado. Outros ainda que estava ventilado. Eu sei lá... Até que abordaram o nosso presidente, em plena Festa das Vindimas e este disse o seguinte: “O secretário está bem, ainda vai fazer alguns exames e, se tudo correr bem, volta a casa hoje”. Nisto, caiu-me tudo. Respirei fundo... Apanhei-os, aconcheguei-os e pensei para mim: a atender ao número de vezes que este senhor diz uma coisa e depois acontece outra, mais vale começar a rezar. Acendi uma vela e pedi que, pelo menos dessa vez, aquilo que lhe saía da boca batesse certo. À hora que escrevo, a vela vai a meio e o Dr Pedro ainda não voltou a casa... Mas calma. A esperança é a última a morrer!
Ps, por sorte, desta feita os meios aéreos foram activados rapidamente.
Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas.