Ou seja, o que está a dar é ser proprietário, mas para isso é preciso ter um bom ordenado para que o banco empreste o capital para comprar a casa.

A justiça está feita para quem pode, não para quem quer, se arrendas ficas "lixado".

Quem arrenda são os mais pobres que dão de comer aos mais ricos, porque estes, compram para arrendar, e para além de pagarem a sua prestação ao banco com o dinheiro do arrendamento, ainda ganham algum dinheiro; se bem que é verdade que a justiça fiscal onera mais gravemente quem compra uma segunda habitação, mas em conclusão é este o Portugal que temos.

Acabam-se agora as moratórias, e aí vou ver quem pode pagar as casas estando desempregado, ou a receber menos ordenado.

Aí a lógica é outra, entregam a casa ao banco ou banco vende a casa por um valor muito inferior, e a pessoa ainda fica a dever ao banco o valor remanescente do empréstimo bancário, isto é, o banco nunca perde.

E ainda há os sanguessugas, que compram casas em execução ou com incumprimentos bancários para venderem mais caro depois, é tudo um negócio.

Para mim a crise é o desemprego, e pode ser que seja isso que vem aí com o fecho das empresas.

Existem medidas covid-19, que ajudaram as famílias como por exemplo as moratórias bancárias, como também algumas empresas, mas tudo isso vai acabar.

Oxalá que pelo facto de a crise ser mundial, haja alguma solidariedade e humanidade para sairmos desta crise, mas o mercador de Veneza anda aí, e quem empresta dinheiro quer sempre os seus juros, quem ganha sempre é o sistema financeiro.

Pobres arrendatários e pobres desempregados que vão entregar as casas.

Entretanto, no Funchal, discutimos quem é o herói da cidade, nas desgraças, há sempre um político na ribalta, a não ser aqueles que só estão bem escondidos. Não condeno o político que tenha que falar na desgraça perante um órgão de comunicação social, para tranquilizar a população, mas fazer discurso de campanha eleitoral é coisa que mete "nojo".

A Madeira ia mudar, mas pelo que vejo estamos sempre iguais, e a culpa é de quem? Talvez da população que tem falta de interesse nas questões públicas, ou dos políticos de carreira, que tudo querem agradar para ficar com o tacho.

As campanhas são cada vez mais pessoais para ver quem é o bom e quem é o mau da história, mas a vida não é um filme, todos somos bons e maus, mas uns piores que outros é verdade.

Já acredito pouco no que oiço e leio, a Madeira vive do turismo e pouco mais, o resto são negociatas governamentais.

Uma boa notícia, o tempo melhorou, e outra, há mais marés que marinheiros.

P.S.

Ainda cá se vai e já vai nisto, já dizia o Senhor Calisto.

Um dia a Madeira renascerá das cinzas.