Em Portugal, na última década, a partir deste conceito, criou-se e sistematizou-se uma metodologia para tornar possível esta mobilização de esforços de toda a comunidade para promover a paz, a tolerância, a inclusão, a compreensão e a solidariedade. O Instituto. Padre António Vieira, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, desenvolveu uma abordagem de educação não-formal, inspirada neste conceito Ubuntu, que tem vindo a ganhar corpo, a se consolidar. Os tempos que vivemos justificam esta necessidade. Esta visão humanista, de interdependência e complementaridade, na qual "a minha humanidade só se completa com a do outro", merece e carece de um roteiro, que abra caminho para uma verdadeira transformação pessoal e comunitária.
A urgência de uma cultura de construção de pontes, da ética do cuidado, está intimamente ligada ao que de mais profundo a filosofia Ubuntu defende. A certeza da necessidade do outro, pressupõe essa necessidade de se ligar margens, nem sempre próximas, e de se deixar transformar com essa ligação. Esta é uma tarefa muitas vezes difícil e que envolve empenho e regras, pelo que na Academia de Líderes Ubuntu é dada especial atenção a este tema.
O método Ubuntu está estruturado em cinco pilares essenciais para o desenvolvimento humano: tornar-se pessoa. O primeiro estádio, trata das competências pessoais, como o autoconhecimento, autoconfiança e resiliência, e o segundo, reforça competências sociais e relacionais, a empatia e o sentido de serviço. Este último, é a premissa para quem quer fazer a diferença na vida dos outros e no mundo que o rodeia.
Esta semana, deparei-me com a urgência de analisar um projeto que se apresenta como uma nova resposta social. Foi esta necessidade que me fez voltar a África. Ao Ubuntu. Talvez por ter o tal sentimento natural de querer servir. Sobretudo a minha comunidade, as minhas pessoas. E, talvez ainda pelo fato de ter bem presente que na inovação social, coloca-se sempre o grande desafio de como passar de uma boa ideia, pensada, desenhada e refletida no papel, a um projeto exequível e, que ainda seja sustentável, que consiga criar um impacto sistémico através da sua transformação em políticas públicas. Para quem como eu já anda nisto há uns anitos, sabe que não raras vezes, bons projetos ficam pelo caminho. Outros, caminham a cambalear. Não dão o fruto esperado. Mas não por conta das expectativas. Das nossas e dos outros. Do compromisso: Eu sou porque tu és. Tem tanto de simples, não deixando de ser complexo. Vamos restaurar este sentido de humanidade, comum e interdependente. Pela complementaridade.