O novo colégio de comissários Europeus entrou em funções no dia 1 de dezembro. Esta nova composição traduz a nova realidade política europeia, onde os partidos de Direita e Extrema-Direita conseguem uma representatividade muito relevante, em contraponto com os Socialistas e Liberais. Note-se que os nomes das pastas dos comissários também sofreram uma operação cosmética para traduzir as prioridades apontadas pelo relatório Draghi.
Os comissários europeus que mais dificuldade tiveram na sua aprovação no Parlamento Europeu foram Teresa Ribera, de Espanha, Vice-Presidente Executiva para a Transição Limpa, Justa e Competitiva. Sendo da família Socialista, esta colocou em risco os acordos entre os partidos do centro e direita. O Italiano Raffaele Fitto, Vice-Presidente Executivo para a Coesão e Reformas, que vai lidar com a importante pasta para os Açores e Madeira do Desenvolvimento Regional e das RUP, da família partidária de Meloni, enfrentou uma forte oposição por parte dos partidos de Esquerda e Extrema-Esquerda, com alguns, inclusivamente, a denominar-lhe de fascista. Igualmente contestado pela Esquerda, Olivér Várhelyi da Hungria, novo comissário para a Saúde e Bem-Estar Animal. Finalmente, a comissária Búlgara, Ekaterina Zaharieva, foi o alvo de muita crítica, pelo seu currículo nada estar relacionado com as suas responsabilidades nas áreas da Investigação e Inovação.
No final, apesar dos desacordos entre as famílias político-partidárias no seio do Parlamento Europeu, o novo colégio de comissários foi aprovado, sem adiar a sua entrada em funções a 1 dezembro.
A nova Comissão Europeia estreia-se com o polémico acordo Mercosur-UE. Ninguém esquece as manifestações de agricultores em Bruxelas, altura em que a Presidente da Comissão Europeia colocou um travão nas negociações em curso para a nova política Agrícola Comum que imponha parâmetros mais elevados para a sustentabilidade ambiental. Com este acordo com o Mercosur, Van Der Leyen parece ter esquecido as reivindicações dos agricultores, que perdem competitividade face a produtos agrícolas importados de outras partes do mundo, com muito menor preço e sem serem sujeitos às mesmas exigências impostas aos agricultores Europeus.
Este acordo teve a discordância não só dos agricultores, mas bem como por parte de chefes de Estado como o Presidente Francês, Macron. Ao mesmo tempo, Trump entra no poder nos EUA e ameaça os Estados Europeus com tarifas comerciais que muito podem afetar a economia deste lado do Atlântico, para não esquecer que desde o início da guerra na Ucrânia, os Europeus passaram a ter custos muito mais acrescidos de energia, quando em comparação com os EUA.
Van Der Leyen enfrenta uma nova realidade política na UE, que muito vai influenciar a sua decisão em políticas-chave. A recordar que a União Europeia vê as famílias de direita e de extrema direta com forte representação, refletindo as realidades político partidárias dos diferentes Estados Membros. A lembrar o partido de Le Pen que ganhou as eleições europeias na França e levou Macron a convocar novas eleições. Acresce-se ainda as mais recentes notícias vindas da Alemanha, onde os partidos de extrema-direita estão a ganhar terreno a nível dos Estados Federados e com expectativas de aumentar o número de votos nas próximas eleições federais. Por outro lado, não podemos esquecer os que já estão no poder, como na Itália, Holanda ou Hungria. A par disso, assistimos recentemente na Roménia a vitoria de um partido pró Rússia, apesar de estas terem sido novamente convocadas.
A guerra na Ucrânia está longe de terminar e com a eleição de Trump, a vitória já não parece ser vista com o mesmo otimismo que a NATO, Estados Unidos e Europa afirmavam há bem pouco tempo, sendo cada vez mais plausível um acordo de paz onde a Rússia não abdicará do território conquistado. Ao mesmo tempo, Trump defende o fim da NATO, caso os países Europeus não se comprometerem a contribuir financeiramente, apropriadamente.
A Europa encontra-se com uma nova configuração política, com velhos e novos desafios nas suas relações externas e dinâmicas internas, impondo uma nova realidade que afeta a sua paz, economia e bem-estar da sua população.