Efetivamente, os holofotes viraram-se para a situação pandémica do nosso país. Incrível pensar que em 196 países do mundo, chegámos à situação de sermos considerados o pior em termos de controle de pandemia e o segundo pior em número de mortos por milhão de habitantes!
Posto isto, pergunto: porque subestimamos este vírus? Porque não fecharam fronteiras em março de 2020, quando tudo isto ameaçava chegar a Portugal? Porquê demorar dias e dias para tomar determinadas medidas? Qual a verdadeira hesitação em não fechar as escolas? E os transportes públicos, completamente lotados?
Enquanto que a esmagadora maioria de médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares e condutores de ambulância não dormem em casa e não se aproximam dos seus familiares, de forma a não contagiar ninguém, outros não cumprem com a sua missão.
É IMORAL pedir aos médicos que salvem vidas, aplaudi-los orgulhosamente, e depois sair de casa sem uma razão plausível ou para levar o "suposto" cão à rua, melhor, para passear trelas sem cães; ou para correr pois, de um momento para outro, tornaram-se atletas!
É IMORAL solicitar ao povo para ficar em casa, enquanto políticos e candidatos à Presidência da República vão para almoços e jantares de comício entre 160 e 170 pessoas, em pleno confinamento. E ainda com apoiantes com camisolas com expressões, passo a citar "COVID é esquema", tendo nós um número de 15.000 infetados por dia!
É IMORAL pedirem para permanecermos em casa enquanto as escolas, de todos os ciclos, permaneciam abertas! Para não sacrificarem um mês de aulas era preferível sacrificar vidas e colocarmos os nossos filhos em risco? Enquanto mãe e cidadã portuguesa, era uma tortura ver as escolas abertas, tendo uma chacina à porta de casa. Estando nós a viver um momento trágico, e tendo vários epidemiologistas e especialistas da saúde proclamando pelo fecho das escolas, é incompreensível pela hesitação desta medida. Cada dia era mais um dia perdido!
Esta situação deixa-me angustiada e irritada com a irresponsabilidade de todos! Relembro que este vírus não tira apenas a vida, mas sim a liberdade e até a possibilidade de despedirmo-nos das pessoas que nos são mais chegadas, na hora do adeus. O vírus rouba-nos até esta exigência moral que é despedirmo-nos dos nossos mortos e NUNCA, nem nos campos de batalha mais sangrentos, se deixam os mortos para trás!
Inicialmente, quando assistíamos à situação alarmante que vivia China, parecia uma realidade aparentemente distante, quase um mundo paralelo. Hoje, o vírus está na nossa "casa", passou a caminhar ao nosso lado, aqui e ali, em todos os sítios. As simples rotinas diárias transformaram-se em decisões complexas, quase um jogo do gato e do rato…
Definitivamente, o cerco está cada vez mais a apertar, e parece-me que o único local seguro é mesmo a nossa casa. De todas as medidas essa continua a ser a mais segura de todas. Estamos todos à espera de um sinal de melhoria e… era mais fácil se estivéssemos ficado em modo de espera mais cedo!