Já todos conhecemos bem o temperamento irrequieto de Marcelo Rebelo de Sousa.
O país conhece bem a sua maneira de ser e o estilo.
Porém, neste mês em que se assinalou o 5 de outubro, tudo destrambelhou.
Desde esse dia que o Presidente da República portuguesa desenfreou numa catadupa de declarações que o fizeram falar de tudo e mais alguma coisa.
Foi a Malta e na capital, La Valletta, desatou a falar sobre o Orçamento de Estado português, mesmo antes de este ter sido aprovado em Conselho de Ministros.
De lá gritou que "é importante os portugueses saberem que o Governo não prevê recessão no próximo ano, nem que a guerra tenha consequências com a dimensão e o risco que outras economias estão a atravessar".
Mas não contente, ainda foi dizendo que era importante o Governo anunciar quais as suas previsões para o quadro macroeconómico para o ano que vem.
Depois disso, à saída de uma audiência com o Presidente de Malta, Marcelo veste a pele de pai do Governo e volta a falar do estrangeiro para o seu país - sobre o Orçamento de Estado!
Num rasgo de profundo conhecedor das contas públicas e de verdadeiro analista macroeconómico, joga com pensamentos precisos como este: "Os números deste ano parecem-me realistas, o crescimento para que se aponta e a inflação. Para o ano que vem, o crescimento provavelmente é realista com um empurrão deste ano, a inflação é porventura mais questionável, mas não é impossível".
Tudo isto visto a partir do estrangeiro, sobre um orçamento que o executivo de António Costa ainda ia aprovar em 9 de outubro.
Mas lá viajou para Nicósia, no Chipre. E aí fez mais considerandos sobre o documento, atirando com frases que procuram defender o governo, num tema em que nem o próprio ainda se pronunciou, pois nem apresentou publicamente a proposta.
Em resumo, o Presidente fez questão de defender o governo mesmo antes de este ter dito o que propunha.
Para além disto, Marcelo só fez uma ridícula descrição sobre o que farão em 2023 em Portugal, os membros do Grupo de Arraiolos - um grupo de Chefes de Estado da União Europeia com poderes não executivos.
Foi breve e elucidativa: virão no 5 de outubro de 2023, vão jantar, no dia seguinte reúnem de manhã, vão almoçar e vão jantar! Um programa memorável!
2. Marcelo é o sistema!
Mal acabaram as frases sobre o orçamento e logo começou o encobrimento do Sistema.
Sim, porque em Portugal o Sistema vale mais do que a lei.
Trapalhada sobre trapalhada, ministras, ministros, maridos de ministras, pais de ministros tudo se coloca a jeito para ser considerado incompatível nas suas funções de governantes do retângulo.
O que faz Marcelo, o guardião do Sistema? Aqui começa por não falar no primeiro caso.
Depois com a catadupa de problemas, já disse esta pérola: ""Não falo de casos concretos, falo de casos em abstrato. E se a lei define determinadas regras sobre incompatibilidades e se há situações que são abrangidas por essas regras, então há que fazer cessar a incompatibilidade. Há no entanto outras situações, não sei se não é mesmo este o caso, em que não há incompatibilidades".
Imaginem que falava de casos concretos!
O que conclui Marcelo? Que é melhor os Deputados reavaliarem a lei.
Para quê? Para "legalizarem" as trapalhadas deste Governo, que de suspeita em suspeita, vai se escondendo atrás do Presidente que tudo protege.
Viva o Sistema!