A meados de outubro patinaram nos Países Baixos e em setembro andavam às voltas algures pela Itália! Isto em dois meses, acumulando pódios e colecionando medalhas de ouro, de prata ou de bronze que se juntam às medalhas que lhes ficam cravadas no corpo, quando caem, e às que se cravam na alma quando se levantam e esticam o patim para lá do limite do seu corpo para passar primeiro a linha da meta.
Histórias que se repetem, como me recorda o facebook... há um ano a Colômbia era o seu paradeiro e há poucos meses atrás a Áustria sua casa.
São os Liras, os Afonsos, as Jéssicas, a que se juntam os Bernardos, rumo à Austrália, ou os Aleksanders, não omitindo as Dinas, as Ednas, as Glórias, e outros jovens que estarei a esquecer e que peço que me perdoem. Jovens da minha terra, jovens da nossa ilha, netos de uma região autónoma, que olham o mundo de frente e, olhos nos olhos, disputam em qualquer palco mundial com qualquer jovem de qualquer nacionalidade a glória de vencer e de se superar de igual para igual, no respeito por quem trabalha, sem complexos de onde vêm.
Estes, que se afirmam no desporto, juntam-se a muitos outros que se afirmam em diferentes formas de representação artística, desde as artes plásticas à música em tantas cidades do mundo. E vejo uma outra Jéssica em Itália de violino em punho. Mas também aos que crescem e se desenvolvem na ciência, na inovação e nas tecnologias, construindo e seu futuro, fazendo com que o nosso futuro seja melhor. Uma geração que nasceu numa ilha já desperta para o mundo, sem preconceitos ou medos, disponível para lutar pelos seus sonhos e escrever a sua história de vida onde ela tiver de ser escrita. Uma geração que não se inibe, que sabe de onde vem e não se acanha para onde tiver de ir.
Juntos, famílias, técnicos e políticos, construímo-los assim. São fruto de uma autonomia sonhada e dão mais expressão às opções políticas traçadas de 76 até hoje. São o expoente máximo "da Madeira será o que os madeirenses fizerem". E eles fazem-no com convicção e determinação. Vencendo sem pressão, como me dizia a Jéssica anteontem à noite, ao me revelar o seu segredo, não sem ressalvar que primeiro vinha o trabalho e a dedicação.
Presto-lhes a minha singela homenagem, não sem antes referir os Alípios, ou os Davides, que teimosamente os acompanham e fazem crescer os seus e os nossos sonhos. A minha singela homenagem a dirigentes e técnicos que põem, muitas vezes, as suas vidas em suspenso, a vida das suas famílias, para os orientar e moldar, limando-os e fazendo desabrochar os diamantes que ainda não sabem que são e que vão brilhando em múltiplas paragens do mundo.
Sempre que posso, gosto de os ouvir, narrando os seus feitos e criticando o que se poderia fazer diferente, o que se poderia fazer melhor. Deixam-me feliz! Feliz por constatar que são críticos e exigentes. Exigentes connosco, exigentes com a região, porque o que querem é continuar a honrar as cores da Madeira que é seu berço e as cores da Seleção Portuguesa que já se habituaram a representar, sem pressão!