O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defendeu, hoje, a criação de círculos eleitorais para a Madeira e para os Açores para as eleições para o Parlamento Europeu, como forma de garantir a presença de deputados insulares na Europa. “Espero um dia que possamos ter uma circunscrição eleitoral, quer na Madeira quer nos Açores, para a eleição de deputados ao Parlamento Europeu, em vez de estarmos sujeitos aos ditames das direções nacionais dos partidos que escolhem em função de outras condições que não as questões autonómicas dos nossos arquipélagos de Portugal”, afirmou.
José Manuel Rodrigues falava na abertura do fórum- debate “O futuro da democracia”, promovido pelo Europe Direct Madeira, no âmbito das comemorações do Dia da Europa, dia 9 de maio.
“Gostaria, ainda, de transmitir-vos que, como Presidente da Conferência das Assembleias Legislativas Regionais Europeias (CALRE), insistirei nos princípios da subsidiariedade e da proximidade dos cidadãos como principais pilares da União Europeia e continuarei a vincar o papel preponderante das Regiões e dos parlamentos regionais na forma de pensar o projeto europeu e a definição das suas políticas”, afirmou José Manuel Rodrigues perante uma plateia de estudantes e de entidades que se reuniram no Salão Nobre do Parlamento madeirense para avaliar e falar da importância do projeto europeu.
Aos jovens, que construirão o futuro, pediu empenho, porque “há ainda muita vida para dar à nossa Democracia e à nossa Autonomia”, salientando “que o Espaço Europeu desempenha um papel fundamental nessa vitalidade”.
A todos lembrou que “o próximo dia 9 de junho, temos uma palavra a dizer nas eleições para o Parlamento Europeu. A Democracia e a nossa Autonomia também se constroem na Europa, a política que fazemos não pode estar dissociada da cultura europeia que também nos define e afirma, na Região, no País e no Mundo. Não podemos abrir mão desta unidade que nos torna mais fortes enquanto cidadãos e enquanto estado democrático. Deixo aqui o meu apelo para que, em nome do futuro e em nome da Democracia, exerçam o vosso direito de voto”, concluiu José Manuel Rodrigues.
Já o Presidente do Governo Regional da Madeira realçou a importância do projeto europeu para a Paz na Europa. Miguel Albuquerque recuou na história, para lembrar os conflitos e “as muitas gerações que morreram” nas duas grandes guerras mundiais. “A 1.ª Guerra Mundial mobilizou 60 milhões de homens, matou 8 milhões, incluindo portugueses e feriu 21 milhões. Com a 2.ª Guerra Mundial cerca de 90 milhões de europeus foram mortos ou deslocados”, exemplificou o governante. Portanto, “as razões que levaram à constituição da União Europeia são razões políticas de construção da paz, de cooperação entre os povos, e de intercâmbio comercial e económico”.
Miguel Albuquerque apelou, por isso, ao reforço da cultura de valores, alicerçada no projeto europeu, e alertou para os perigos dos populismos, que emergem na atualidade, tal como no passado, com a promoção do “ódio, do racismo e do nacionalismo”, que “podem levar a consequências terríveis para a nossa vida comum”. “A Democracia é um sistema imperfeito, mas é um sistema de liberdade, e todo este discurso, que está em voga, é um discurso que já existiu na Europa, nos anos 30”, do século passado. A Falta de memória histórica é para o Presidente do Governo um dos perigos atuais, que “faz não perceber a hierarquia dos valores”, por isso pediu aos jovens unidade na defesa da União Europeia e da Democracia.
O fórum-debate contou com uma mesa redonda intitulada “O futuro da democracia”, moderada pelo jornalista Paulo Jardim, e com a participação de Bruno Pereira, vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Maria João Monte, presidente do Conselho Diretivo do Instituto de Desenvolvimento Regional (IDR), Nuno Gama Pinto, vice-Presidente da EuroDefense e professor universitário, e Sara Cerdas, deputada ao Parlamento Europeu.