A candidatura do Bloco de Esquerda às regionais na Madeira dedicou o segundo dia da campanha eleitoral ao Porto Santo, afirmando ser a voz reivindicativa para “obrigar” os governos a cumprir os direitos dos residentes naquela ilha.
“Viemos dizer olhos nos olhos que o BE tem sido no parlamento a voz que mais tem defendido dos residentes no Porto Santo”, disse o cabeça de lista do BE às eleições regionais antecipadas de 26 de maio.
Roberto Almada, que foi antigo coordenador do BE/Madeira e conseguiu nas últimas regionais, em 24 de setembro de 2023, fazer o partido regressar ao parlamento, destacou que os bloquistas têm sido “uma voz” reivindicativa em matéria de transportes marítimos e aéreos entre as ilhas da região autónoma.
Segundo o cabeça de lista, “é preciso que o Governo Regional obrigue o concessionário a cumprir o contrato de concessão e substituir o barco [o Lobo Marinho] quando vai para manutenção”, em janeiro.
Roberto Almada apontou que, apesar de o contrato de concessão obrigar o concessionário, a Porto Santo Line, a substituir o barco quando este vai para a operação anual de manutenção, tal “nunca aconteceu” e nessa altura “os porto-santenses ficam isolados e dependentes do avião”.
Também reivindicou que o Governo da República garanta a ligação área regular entre as ilhas da Madeira e Porto Santo recorrendo à TAP, que é a companhia de bandeira nacional.
“Não podemos continuar a andar de prorrogação em prorrogação do contrato que existe com a Binter, não resolvendo o problema de uma forma mais definitiva”, sublinhou.
Outra questão abordada, foi na área da saúde, tendo o candidato recordado que há cerca de 20 anos que o partido defende a criação de um mini-hospital naquela ilha, recordando que, nessa altura, foram classificados de “malucos” e a proposta de “estapafúrdia”.
“Vinte anos depois, o Governo Regional vem dar-nos razão”, apontou, visto estar prevista a construção de uma nova unidade de saúde local pelo executivo madeirense (PSD/CDS).
Roberto Almada ainda censurou o projeto do aumento do campo de golfe no Porto Santo, que “vai gastar milhões de metros cúbicos de água”, realçando que esta é uma ilha com pouca água e tem até uma dessalinizadora.
“Não tenho nada contra o campo de golfe, mas não pode faltar água nas torneiras dos porto-santenses”, vincou.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.