A Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, afirmou hoje que tem “a ambição de mudar as políticas culturais”, destacando que o seu trabalho está focado na valorização dos patrimónios, no estímulo à criação e produção artística, bem como na democratização do acesso aos bens culturais, sempre orientado pelo princípio de equidade geográfica.
A governante, que falava durante uma visita ao Centro Cultural e de Investigação do Funchal, no âmbito da Bienal de Arte e Design do Funchal, sublinhou a importância de conhecer os territórios e estruturas locais para uma melhor distribuição dos apoios culturais.
Segundo Dalila Rodrigues, a prioridade tem sido estabilizar os setores da criação artística, como o teatro, as artes visuais, as artes performativas e o cinema, garantindo assim a continuidade do acesso aos apoios. No entanto, a ministra reconhece a necessidade de mudanças para assegurar maior equidade.
“É evidente que eu tenho a ambição de mudar as políticas culturais, a partir destes princípios da equidade, de garantir que o acesso ao financiamento público não decorra da avaliação de comissões que têm, evidentemente, o seu mérito, mas que provavelmente não conhecem o território. E é por isso que eu estou no Funchal”, afirmou, entendendo ser importante que quem tem a responsabilidade da pasta da cultura “conheça profundamente” os territórios e as estruturas que trabalham a partir desses territórios e que garantem uma oferta cultural.
Na ocasião, a ministra lembrou que o Governo nacional assumiu um compromisso de reforço da dotação orçamental para a cultura em 50% ao longo dos quatro anos de mandato. Em 2025, o setor registou um aumento de 18%, atingindo cerca de 500 milhões de euros.
“Devo dizer que também já defendi, e continuo a defender, a perspetiva de 1% para a cultura. É evidente que não posso, como responsável pela pasta, dizer que tenho a expectativa de que o reforço orçamental para a cultura seja uma realidade”, destacou a ministra, realçando que o atual Governo não apenas manteve o investimento, como o expandiu.
“Portanto, nenhum setor da atividade cultural saiu prejudicado do Orçamento de Estado 2025”, vincou.
Dalila Rodrigues sublinhou ainda importância de políticas culturais assentes em dois grandes princípios: a ação em todo o território nacional e a construção de iniciativas a partir do diálogo com os agentes culturais. Para isso, a ministra comprometeu-se a reunir com as 22 comunidades intermunicipais – até agora realizou três encontros nesse âmbito- , com o objetivo de estabelecer contratos-programa em parceria com as autarquias, onde o Ministério assume 50% dos custos.
A finalizar, a ministra disse ainda ver com “bons olhos” que as bibliotecas públicas disponham de catálogos atualizados e que todos os cidadãos possam aceder de uma forma permanente e com sentido de atualização ao livro, sendo uma forma de dinamizar a leitura a partir destes princípios.
Ministra destaca importância da Bienal
No contexto da Bienal de Arte e Design do Funchal, Dalila Rodrigues destacou a importância do evento como um espaço de reflexão sobre grandes questões do mundo contemporâneo, como as alterações climáticas e a sustentabilidade dos recursos naturais.
Para a ministra, esta Bienal representa um espaço de diálogo entre artistas nacionais e internacionais, permitindo uma reflexão sobre a relação entre tradição e modernidade.
“O que me encanta nesta Bienal é o modo como estão representadas produções artísticas do país em confronto e em diálogo com o trabalho de designers e de artistas de outras proveniências e de outras latitudes geográficas e, sobretudo, o modo como um país que tem, enfim, não uma área territorial como outros países cuja diversidade resulta sobretudo da escala, nós, em Portugal, num país que não prima pela escala, tem uma extraordinária diversidade”, realçou.
Dalila Rodrigues sublinhou ainda que a Bienal reflete a necessidade de repensar o consumismo e a forma como os objetos são produzidos e utilizados. “Os nossos artefactos produzidos num âmbito rural e associados às atividades agrícolas e a um sentido de uso quotidiano, têm num sentido de modernidade e de contemporaneidade, através do design, novos usos e novas formas”, vincou.
A governante reforçou a sua ligação à Madeira e ao património artístico da Região, destacando a importância de iniciativas como esta para ampliar o pensamento crítico e a consciência ambiental. “Eu não poderia deixar de estar presente nesta Bienal”, rematou.