O argumento do Ministério Público no processo ‘Ab Initio’, segundo noticia alguma imprensa nacional, envolverá três secretários regionais: Pedro Ramos (Saúde), Rogério Gouveia (Finanças) e Pedro Fino (Equipamentos e Infraestruturas).
Precisamente os mesmos governantes que tutelam as duas dezenas de organismos que foram alvo de buscas na passada terça-feira. Mandados judiciais concretizados pela PJ que o JM noticiou em primeira mão.
Até ao momento, porém, são nove os arguidos. O antigo secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Humberto Vasconcelos, o presidente da CM Calheta, Carlos Teles, o presidente do IASaúde, Bruno Freitas, o ex-diretor regional da Agricultura, Paulo Santos, as funcionárias públicas Daniela Rodrigues e Cecília Aguiar, os empresários Humberto Drumond e Miguel Nóbrega, e o secretário-geral do PSD-M, José Prada.
Alguns jornais nacionais descrevem vários excertos que englobam a acusação do Ministério Público, como ligações próximas entre o empresário Humberto Drumond e os envolvidos, reuniões ocorridas que alegadamente fariam parte de modelos de financiamento partidário e crimes de corrupção passiva e ativa, para além de crimes de prevaricação e participação económica em negócio.
Em relação ao alegado modelo de financiamento que envolve antigos membros da Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, os jornais apontam que Daniela Rodrigues, companheira de Humberto Drumond e antiga chefe de gabinete de Humberto Vasconcelos, promovia concursos e determinava convites a três entidades controladas pelo empresário, que depois combinaria propostas de forma a manipular as regras da concorrência. Dão como exemplo um concurso onde se apresentaram a Dupla DP, de Humberto Drumond, a Amertema, de Henrique Rendes com quem Drumond mantinha ligações laborais, e a 10- Ein, de Miguel Nóbrega, considerado testa-de-ferro dos negócios de Drumond.
Para além das escutas alegadamente incriminatórias, a PJ terá encontrado documentos que indiciam irregularidades e também apreendeu uma viatura de luxo da marca Jaguar, pertencente a Daniela Rodrigues, adquirida pelo companheiro Humberto Drumond.
Recorde-se que o advogado João Nabais, na sexta-feira, dava conta que o processo poderia ter cerca de 20 arguidos.
Até ao momento, porém, só existem nove arguidos, que ficaram sujeitos às medidas de coação menos gravosas: Termo de Identidade e Residência, proibição de contactos entre si e obrigação de pedir autorização para sair da Região. Apenas Bruno Freitas foi suspenso de funções no IASaúde.