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Artigo de Opinião

28/03/2023 08:00

Para os críticos e incrédulos do súbdito ato de consciência (e de contrição), uma coisa é certa, as declarações ao Diário de Notícias de Lisboa marcaram a agenda política e fizeram mais mossa no laranjal, do que o trabalho da oposição eleita nos últimos quatro anos. A escassos meses das eleições é obra.

Pelo caminho, o ex-deputado ainda conseguiu que o PS ficasse chamuscado na fotografia. O maior partido da oposição pediu que a Comissão de Inquérito averiguasse as declarações de Sérgio Marques e acabou também desmascarado e envolvido na teia que dizia querer investigar. O atual líder do PS, foi administrador de empresas do grupo Sousa e "esqueceu-se" de informar a Comissão desse facto. Isto é que é "matar dois coelhos com uma só cajadada", nem o intrépido grupinho de que fiz parte, nos seus tempos mais áureos, conseguiu semelhante façanha. E ainda há quem critique Sérgio Marques?! O homem merecia uma estátua igual à do Cristiano Ronaldo.

Nada do que disse era novidade, pelo menos para aqueles que acompanham a vida política madeirense. No entanto, acabou por ter impacto por ser alguém do regime a defender publicamente a necessidade de acabar com o monopólio do Porto do Caniçal e a assumir, preto no branco, a influência desmesurada de um grupo de empresários sobre a economia, a comunicação social e sobre o próprio poder político.

Eduardo Jesus ainda andou lá perto, quando decidiu pôr em marcha o plano de reestruturação do Porto do Caniçal, mas ficou pelo caminho. Assistimos todos à sua forçada demissão e, consequentemente, à estrondosa derrota dos "renovadinhos". Deram pouca luta, verdade seja dita. O poder político foi engolido e está enfraquecido perante a dimensão destes grupos económicos.

Quanto ao que foi dito por Sérgio Marques, é óbvio que nenhum dos empresários visados o vai admitir. Podem levar a Comissão de Inquérito à exaustão, que ninguém vai assumir coisa nenhuma. Talvez a única pessoa que valesse a pena ouvir, seria Jardim, ao que parece tinha poucas e boas a dizer sobre Sérgio Marques. A bancada parlamentar do PSD não aprovou. Sabem muito bem que quando "brigam as comadres, descobrem-se as verdades". A audição poderia desencadear um novo chorrilho de acusações de parte a parte. Às vezes basta um pequeno fogo para incendiar uma floresta. Em última análise, não convém causar mais ondas, em ano de eleições.

Até à data, a única mudança que assistimos foi a de Sérgio Marques a ser corrido a toda a velocidade da Assembleia da República. Roma não paga a traidores. Na República das Bananas é assim: o denunciante demite-se e os prevaricadores ficam em funções. O que vale é que está milionário, na Sopa do Cardoso não vai acabar. Valha-nos isso!

Quanto ao resto, bem sabemos que não existem almoços grátis, mas essa é uma reflexão que cada um de nós fará, até às urnas em outubro.

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