O Benfica encara com maior carga emocional o segundo dérbi seguido perante o Sporting, no sábado, da 28.ª jornada da I Liga de futebol, face ao afastamento nas meias-finais da Taça de Portugal, reconhece o psicólogo Jorge Silvério.
“Uma das metas que o Benfica teria era estar presente na final e poder ganhar a Taça de Portugal. Como foi eliminado, tem menos um objetivo nesta temporada. Por outro lado, o Sporting continua na luta por esse troféu. Isso irá pôr um pouco mais de carga emocional para o próximo jogo do lado do Benfica, que já só tem o campeonato como [única] prova nacional para ganhar. Até pelo atraso pontual que o Benfica possui, este dérbi ganha um bocadinho mais de relevância”, frisou à agência Lusa o especialista na área do desporto.
O líder Sporting, com 68 pontos e menos um duelo, recebe o campeão nacional Benfica, segundo colocado, com 67, no sábado, a partir das 20:30, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, na 28.ª jornada da I Liga, quatro dias depois de os ‘leões’ terem empatado 2-2 na Luz e rumado à final da Taça de Portugal, triunfando por 4-3 nas duas mãos das ‘meias’.
“Seguramente, haverá essa capacidade [para distinguir o contexto de cada dérbi]. O fator distintivo é estarem muito próximos, embora contem para provas diferentes. Obviamente, aquilo que aconteceu na última partida será analisado por equipas técnicas e atletas, no sentido de poderem aperfeiçoar e melhorar já a pensar no jogo do campeonato”, indicou.
Psicólogo da seleção portuguesa de futsal, bicampeã europeia e campeã mundial, Jorge Silvério assume que um dos momentos dessa preparação passou logo pelas declarações “de foro interno e direcionadas para os jogadores” de Rúben Amorim e do alemão Roger Schmidt, treinadores de Sporting e Benfica, respetivamente, após o duelo de terça-feira.
“O Rúben Amorim, com aquela genuinidade que o caracteriza e com uma capacidade de comunicação, claramente mostrou que não ficou satisfeito com aquilo que o Sporting fez, deixando um alerta de que vai ser preciso fazer melhor na próxima partida e tentando já preparar um pouco aquilo que será o discurso ao longo da semana, no sentido de que a equipa esteja nas suas melhores capacidades para enfrentar de novo o Benfica”, traçou.
Se o treinador ‘leonino’ foi crítico apesar do empate com ‘sabor a vitória’, Roger Schmidt “realçou o bom nível exibicional” apesar da eliminação ‘encarnada’ da Taça de Portugal, tentando “aumentar a confiança dos seus atletas” com a convicção de que “foram a melhor equipa em campo”.
Os rivais cruzam-se de forma seguida pela 10.ª ocasião num histórico de 319 dérbis, por entre mais de 116 anos, tal como sucedeu em 1918/19, 1933/34, 1936/37, 1944/45 - com três jogos em 10 dias -, 1953/54 - quatro em 15 -, 1958/59, 1959/60, 1962/63 e 2018/19.
“A intervenção psicológica não visa só o jogo a jogo, mas é um trabalho feito ao longo da época, no sentido de potenciar e otimizar as capacidades de cada atleta. Tratando-se de uma modalidade coletiva, creio que a tónica vai ser colocada mais na recuperação e no impacto que este último encontro teve em cada um dos atletas e não tanto no sentido da motivação, visto que aí sabemos que não é preciso fazer absolutamente nada. Todos os futebolistas querem participar num encontro desta magnitude”, enquadrou Jorge Silvério.
Campeão nacional pela última vez em 2020/21, quebrando um ‘jejum’ de 19 anos, e sem êxitos na Taça de Portugal desde 2018/19, o Sporting tenta a sétima ‘dobradinha’ do seu palmarés, proeza impossível de ser lograda esta época pelo Benfica, que vai encarar os franceses do Marselha nas ‘meias’ da Liga Europa e procura alcançar o bicampeonato.
“É uma altura em que o desgaste emocional começa a ter um peso muito importante e a maior atenção dos técnicos. Os atletas tiveram folgas para que se pudessem desligar e prepararem-se para esta fase decisiva das provas em que estão os seus clubes”, notou.