O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, realizou no último sábado, no dia 27 de janeiro, uma saída de campo, no Porto da Cruz, com o habitual objetivo desenvolver a capacidade de leitura e interpretação da paisagem natural e humanizada dos seus alunos.
Conforme desvelou uma nota enviada à redação, o percurso teve início na Levada Nova do Porto da Cruz, no Sítio da Referta, continuando depois pela Levada do Castelejo, até ao Ribeiro Frio, levadas as quais se estendem por 11,5 Km, sendo que a Levada Nova foi construída posteriormente, nos anos 50, a fim de receber as águas da Levada do Castelejo e transportá-las para a zona leste desta freguesia, até ao sítio do Pinheiro.
“Abaixo destes canais é possível fazer-se culturas de regadio entre as quais a da cana-de-açúcar, com papel relevante na agricultura do Porto da Cruz e importante na laboração do velho engenho da freguesia, construído em 1927. Infelizmente, uma parte significativa destas áreas agrícolas encontram-se ao abandono, permitindo a proliferação de plantas invasoras, como a cana vieira, as acácias, os incenceiros e, nas zonas mais húmidas, junto a linhas de água, as bananilhas. Estas plantas são altamente combustíveis, pondo em causa a segurança da população e dos seus bens. Além disto, a bananilha representa uma séria ameaça às plantas nativas desta ilha, com destaque para a Laurissilva”, alertou este clube, que lamenta o estado em que se encontra o meio rural madeirense.
O trajeto intercetou várias linhas de água, como a Ribeira Tem-te não Caias, ribeira do Junçal e ribeira do Maçapez, passando pelo interessante planalto da Achada. No Sítio da Terra Baptista, é possível percorrer um trilho que “escala” a Penha d`Águia, bloco rochoso escarpado à beira-mar que resistiu, ao longo do tempo, à força erosiva das águas de escorrência.
“Seguindo, depois, para oeste, em direção à madre da Levada do Castelejo, e em virtude de o relevo ser mais acidentado, gradualmente, os campos agrícolas são substituídos pela Laurissilva, onde se destacam loureiros, folhados e tis. No fundo do vale, as águas límpidas acumulam-se em depressões de diferentes dimensões, de acordo com a resistência da rocha à erosão e ao declive do leito do ribeiro, conferindo-lhe uma excecional beleza. A madre da levada tem um especial encanto, não só pela exuberância da vegetação autóctone ali existente, como também pela beleza do leito do Ribeiro Frio e as suas convidativas poças de água”, relatou ainda Clube de Ecologia Barbusano, que terminou a sua caminha voltando para trás, para o Sítio da Terra Baptista, “onde, graças à movimentação no campo de futebol, o local ganhava vida”.