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2025: Enquanto se espera por Trump, incerteza a Oriente

Data de publicação
11 Dezembro 2024
9:09

A incerteza sobre o Médio Oriente e Ucrânia e o regresso de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos da América dominam o começo de 2025, que herda guerras cujo fim ainda não se vislumbra.

Trump, que venceu as presidenciais de novembro, tem mantido um discurso anti-intervencionista, declarando-se empenhado em conseguir um cessar-fogo no conflito que opõe a Ucrânia à invasão russa de fevereiro de 2024.

Ao mesmo tempo, avisou que Kiev pode esperar uma redução no volume de apoio militar norte-americano estabelecido pela administração do seu antecessor, Joe Biden.

Dos alegados esforços de paz não se conhecem pormenores, mas poderão implicar suspender as hostilidades e partir para negociações com parte da Ucrânia ocupada, tirando da mesa para já a adesão ucraniana à NATO reclamada por Kiev.

O republicano pode ter resumido a estratégia internacional norte-americana para os próximos anos, em maiúsculas, numa mensagem que colocou na sua rede social, Truth Social, a propósito da queda do regime de Bashar al-Assad na Síria nos primeiros dias de dezembro: “os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isto. Esta luta não é nossa. Deixem correr. Não se envolvam!”.

O futuro da Síria é uma das incógnitas para o ano que vem, depois de uma coligação de várias fações armadas rebeldes encabeçadas pelo grupo ‘jihadista’ Hayat Tahrir al-Sham ter conquistado Damasco e obrigado al-Assad a procurar asilo na Rússia.

No que diz respeito à guerra que Israel mantém em várias frentes - contra o movimento islamita palestiniano Hamas e contra os xiitas libaneses do Hezbollah -, Trump também deverá ter influência no que se seguir, mas as suas intenções reais ainda são vagas.

Instando Israel a “terminar a tarefa” de eliminar o Hamas na Faixa de Gaza, onde de acordo com os islamitas já morreram quase 45 mil pessoas por causa da ofensiva israelita desencadeada pelos ataques do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, Trump também defendeu que é preciso acabar com a mortandade.

No Líbano, o cessar-fogo alcançado entre Israel e o Hezbollah em novembro ainda não se desfez, mas a tensão permanece elevada entre os israelitas e o Irão, patrocinador de ambos os grupos considerados terroristas pelos EUA e União Europeia que Telavive combate.

A nível europeu, 2025 começará com António Costa em plenas funções como presidente do Conselho Europeu, num mandato cujas prioridades incluem a resolução do conflito na Ucrânia - onde escolheu passar o primeiro dia do seu mandato - e mais investimento dos estados-membros em Defesa, o que deverá complicar as negociações para o próximo orçamento da União Europeia.

Competitividade e crescimento económico europeu face a uns EUA e China assanhados na competição e os processos de alargamento da União em curso deverão também marcar o ano, de acordo com os objetivos traçados por Costa, que não deixou de defender um “diálogo franco” com a administração Trump.

Entre as principais potências europeias, 2025 começará com incógnitas na Alemanha - cuja coligação governamental se desfez -, que voltará às urnas para eleger um novo executivo em fevereiro, e em França, que na reta final deste ano viu cair o Governo de Michel Barnier, o mais curto em seis décadas.

Como no resto do mundo, também na China se aguarda pelo que o segundo mandato de Trump trará, com o foco na ‘guerra’ económica entre os dois países e a ameaça perene de tomar - Taiwan - aliado dos EUA - pela força.

O ano de 2025 será também de trabalho na consolidação do acordo comercial UE-Mercosul, que liga os 27 ao bloco sul-americano, e que os negociadores do Brasil, um dos fundadores, admitem que possa vir a ser assinado até ao fim do ano, ao cabo de um processo complexo de revisão e tradução dos textos.

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