A mobilização dos agricultores franceses intensificou-se hoje com o aumento dos bloqueios para obter “respostas concretas” do Governo do Presidente Emmanuel Macron, que diz ter “ouvido os protestos” e promete anúncios de medidas “nos próximos dias”.
De luto pelas mortes acidentais de uma agricultora e da sua filha - na terça-feira, durante um bloqueio de estrada - o movimento diz que apenas ficou ainda mais motivado para a contestação, por causa deste acontecimento.
Os agricultores não têm todos as mesmas reivindicações mas partilham o mesmo desconforto, divididos entre o desejo de produzir e a necessidade de reduzir o seu impacto na biodiversidade e clima.
“É um sentimento geral de exaustão. Há meses que tentamos falar com os nossos políticos, mas nada avança”, disse Julien Duchateau, agricultor de Pas-de-Calais, refletindo o sentimento de muitos dos trabalhadores do setor agrícola.
“Há um verdadeiro mal-estar entre os agricultores”, constatou, por sua vez, Patricia Dagoré, agricultora oriunda do sudoeste de França e membro da Federação dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA).
Presente num bloqueio de uma estrada em Bayonne (sudoeste), na terça-feira à noite, a agricultora acrescentou: “Estão a ser-nos impostas cada vez mais normas. Mas como é que as podemos aplicar? A aplicação de todas elas custa dinheiro. Hoje, todos nós temos uma corda à volta do pescoço, as nossas poupanças estão no vermelho”.
Na região sudoeste, os manifestantes atiraram um fardo de palha contra um restaurante de uma reconhecida cadeia norte-americana de fast food na localidade de Agen, enquanto 200 tratores bloquearam hoje de manhã uma das principais vias rodoviárias da cidade de Bordéus.
Cerca de uma semana depois de ter começado na região da Occitânia, o movimento de contestação está agora a afetar todo o país, com o mal-estar do setor agrícola a manifestar-se também noutras partes da Europa.
Os três principais sindicatos do setor foram recebidos entre segunda e terça-feira pelo novo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal.
Perante o descontentamento do setor, o Governo francês disse hoje que ouviu o apelo dos agricultores e anunciou que apresentará medidas concretas “nos próximos dias”.
Na terça-feira, Gabriel Attal assegurou que “está empenhado em dar resposta às exigências”, acrescentando que está a trabalhar na remuneração dos agricultores pelos fabricantes e pelos supermercados, bem como na simplificação dos procedimentos administrativos.