O presidente do Chega considerou quarta-feira estar em marcha uma “tentativa de branquear” e “restaurar a autoridade” política do primeiro-ministro António Costa, depois do juiz da “operação influencer” ter considerado vaga e contraditória tese do Ministério Público.
“Eu vi o recurso do juiz a dizer que as provas eram inconclusivas, mas não vi o do Ministério Público. Ora isto só pode acontecer por uma coisa: está em curso uma tentativa de descredibilizar a investigação, de descredibilizar a polícia e o ministério público e de proteger António Costa”, afirmou, em declarações aos jornalistas, à margem de um debate promovido pelo Clube do Pensadores, em Vila Nova de Gaia, onde durante a sua intervenção defendeu esta ideia.
Para André Ventura “alguém está a tentar que políticos, jornalistas, comentadores passem todos esta mensagem”, numa tentativa de branquear António Costa e restaurar autoridade política que perdeu a “operação influencer”.
“Eu acho que devemos aguardar, já tivemos no caso de José Sócrates uma decisão anterior de um juiz de instrução que foi completamente revertida pelo tribunal da relação. Aguardar seria mais prudente do que branquear. Eu acho mesmo que está em curso uma tentativa de branquear António Costa e restaurar a sua autoridade política que perdeu um pouco com esta operação”, afirmou.
O juiz da “operação influencer” considerou contraditória e vaga a tese do Ministério Público de que os arguidos Diogo Lacerda Machado e Vitor Escária tentaram pressionar o primeiro-ministro para aprovação de um decreto-lei favorável à sociedade Start Campus.
Esta argumentação do juiz de instrução criminal Nuno Dias Costa consta da sua resposta ao recurso do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso na segunda-feira, a contestar as medidas de coação aos cinco arguidos detidos, nenhuma privativa da liberdade, aplicadas pelo magistrado no interrogatório judicial.
Na tese do MP, alguns suspeitos recorreram a Diogo Lacerda Machado, advogado e amigo de António Costa, “no sentido de contactar, direta ou indiretamente, o primeiro-ministro, com vista a pressionar” a secretária de Estado Ana Fontoura Gouveia e “visaram - e lograram - que o referido decreto-lei fosse aprovado e publicado o mais rapidamente possível e com o conteúdo normativo favorável aos interesses da Start Campus”.
Para o juiz, as alegações do MP são vagas “quanto a qual seria a entidade pública junto de quem iria ser exercida a influência”, questionando se seria o Governo – através de Diogo Lacerda Machado junto do primeiro-ministro, ou a secretária de Estado da Energia – através de Vitor Escária, chefe de gabinete de António Costa à data dos factos.