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Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

12/09/2024 08:00

E começa tudo outra vez! Setembro é o mês que marca o fim das longas férias de verão para milhões de jovens europeus. Também por cá, o acontecimento se repete, sendo muito fácil identificar o fenómeno, não apenas pela quantidade de crianças e jovens que subitamente surgem em cena, mas sobretudo pelo intensificar (dramático) do trânsito dentro da cidade e nas vias de acesso à mesma, nomeadamente na nossa ilustre via “rápida”.

Posso até estar redondamente enganado, mas à margem da questão do turismo, sobre a qual me debrucei no último artigo, estou em crer que os transportes e as acessibilidades serão o tema-chave para o futuro próximo e, na minha humilde opinião, um dos maiores desafios que a região terá de enfrentar.

E, nem a propósito, convém relembrar que já a partir do próximo dia 16, terá início a celebração de mais uma Semana Europeia da Mobilidade (SEM), uma efeméride que pretende ser muito mais do que um show de boas intenções e de eventos camuflados com algum interesse social. Não sei se todos os municípios percebem isso, pois em bom rigor, o bom senso mandaria fazer um exercício de reflexão, no sentido de se apurar se foi registada alguma melhoria relativamente às medidas propostas em 2023, nas áreas ou domínios intervencionados.

Seja como for, a urgência de uma mudança de estilo de vida, onde a cidade seja vista como um território onde os habitantes sejam realmente os principais beneficiários, assegurando-se uma circulação minimamente fluida, eficiente e sustentável, justifica em pleno a continuidade e a pertinência da celebração da SEM. Numa Europa onde mais de 70% dos seus cidadãos residem em áreas urbanas, a gestão inteligente do espaço público (cada vez mais escasso) torna-se uma prioridade inequívoca. Saber encontrar o ponto de equilíbrio na gestão do usufruto do espaço público torna-se, cada vez mais, um desafio fulcral do desenvolvimento das cidades e da sua sobrevivência. Estas podem afirmar-se como espaços inovadores e sustentáveis, como tal, com elevada capacidade de atratividade, ou pelo contrário, como espaços repulsivos que nada têm a oferecer aos seus residentes que não seja a insegurança, o ruído, a poluição ou o caos urbanístico. É tudo uma questão de perspetiva e de escolhas.

Nesse aspeto, devo dizer que foi com enorme estupefação que verifiquei que, segundo a Agência Europeia do Ambiente, entre 2019 e 2020, o Funchal integrou a lista das 3 cidades da Europa mais limpas em termos qualidade do ar. E mesmo agora, continua a estar no top 10! É obra, para uma cidade desta dimensão e com o tráfego que todos nós tão bem conhecemos.

Claro que a Comissão Europeia continua a alertar para a prioridade que deve ser dada aos mais vulneráveis – peões e ciclistas, num apelo evidente ao reforço da utilização dos chamados modos suaves de locomoção, mas a palavra final nessa matéria continua a pertencer aos Estados-membros e, de forma particular, ao empenho dos municípios nesse domínio.

A estes desafios, junta-se naturalmente o da eletrificação automóvel, mas isso “são contas de outro rosário”. Afinal, o processo parece estar a sofrer algum abrandamento e isso deve ser motivo de reflexão, no sentido de percebermos se esse é o caminho a seguir. E se for (e acredito que sim, embora não creio que se vá assistir ao enterro dos motores a combustão tão cedo como se pensava), será preciso assegurar confiança aos consumidores. Como é possível, por exemplo, que um automóvel novo 100% elétrico, veja o seu preço cair 5 mil euros, num intervalo de seis meses? Com políticas comerciais desta natureza dificilmente transmitimos confiança suficiente aos cidadãos para a transição energética que tão bem necessitamos. Continuo a achar que falta uma estratégia europeia para esta eletrificação, deixando caminho livre aos Estados-membros e às políticas comerciais que as empresas vão desenvolvendo, viradas para o lucro imediato, mas sem uma visão de longo prazo, nomeadamente em matéria gestão de resíduos. Assim não vamos lá. E a China agradece.

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