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Artigo de Opinião

Presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza

10/04/2024 08:00

É recorrente o tema das espécies invasoras “vir à baila” principalmente por partidos políticos da oposição sendo que, muito do que se afirma não corresponde à realidade e confunde propositadamente o cidadão. Mas convém, antes de mais, clarificar o que são plantas invasoras. Plantas invasoras são plantas exóticas, trazidas de outros locais de fora da região e que a determinado momento deixaram de estar sob controlo do Homem, reproduzindo-se de forma natural, competindo e destruindo a flora e plantas indígenas, nativas desse local. Ora, a proliferação de espécies exóticas invasoras em habitats naturais é uma das principais causas da extinção de espécies e habitats a nível mundial. A União Europeia reconheceu este tema como um problema emergente, visto a introdução destas espécies ser uma das principais causas de perda de biodiversidade, com sérios danos para a economia e para a saúde.

A globalização, o crescente aumento do movimento de pessoas e bens e as alterações climáticas, estão a favorecer vias para que as plantas e material biológico possam atravessar barreiras biogeográficas, que até esta data não existiam e estão a potenciar a proliferação de espécies por todo o mundo. As espécies exóticas invasoras têm ainda maior impacte na biodiversidade e nos serviços ecossistémicos localizados nas ilhas, uma vez que estes evoluem isoladamente.

Na RAM, existem diversas plantas que se tornaram invasoras ao longo dos tempos e sobre as quais o Governo Regional com a colaboração das populações locais e outras entidades públicas e privadas, efetua o seu combate e controlo. Em algumas espécies não tem sido fácil, como é o caso da giesta, carqueja ou da acácia, espécies que já possuem uma vasta área de expansão e que causam graves problemas até na propagação dos incêndios. A estratégia é o controlo e remoção destas espécies em locais estratégicos, com instalação de plantas que não sejam invasoras, adaptadas ao local e preferencialmente indígenas, sendo exemplo disso a denominada “Faixa Corta Fogo” do Caminho dos Pretos. Como a natureza possui a sua própria dinâmica, levando décadas para alterar realidades, é impossível obtenção de resultados a curto prazo, pelo que esse trabalho levará décadas com intervenção constante no terreno e com persistência.

Mas muitas outras plantas existem com igual ou maior potencial invasor, algumas já se encontram instaladas na RAM e muitas outras não estando poderão entrar de forma intencional ou não. É sobre esta realidade que o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) trabalha, tendo sido recentemente alterada a legislação sobre esta matéria, aumentando-se o mecanismo de proteção da RAM à entrada dessas plantas com estatuto de invasoras noutras regiões. O IFCN tem efetuado um trabalho persistente e contínuo tendo em curso um projeto intitulado “Deteção Precoce e Eliminação Rápida de Plantas Exóticas Invasoras”, cujos objetivos são a capacitação de equipas de trabalho com materiais e equipamentos, necessários para o controlo de vegetação invasora e a implementação de um programa de deteção e eliminação rápida destas plantas nas áreas naturais da RAM, tendo o projeto apoio do PRODERAM 2020.

No âmbito do projeto já foram adquiridos diversos materiais e equipamentos para apoio à implementação das ações previstas. Também está previsto o desenvolvimento de uma aplicação móvel (app) onde, entre outras funcionalidades, serão executados os algoritmos de reconhecimento de plantas para a deteção precoce de plantas invasoras e que irá permitir a participação ativa da comunidade no mapeamento destas espécies.

É sobre estas plantas que devem incidir todos os esforços no início da sua deteção em meio natural evitando-se que no futuro provoquem graves prejuízos.

É assim que sabemos trabalhar, antecipando possíveis problemas e tendo uma política preventiva, pois a qualquer momento se não existir este trabalho o número de novas plantas invasoras pode crescer com consequências inimagináveis.

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