Em Santana e não só eram e ainda são muito apreciados. É sobre esses que escrevo, porque sei que em outros pontos da Madeira também são confecionados, pese embora com alguns ingredientes diferentes e até com a designação de "bolo da serra".

São produtos de fabrico caseiro. Eram confecionados para os noivos oferecerem aos convidados na altura do "fazer da cama". "A cama dos noivos" era uma espécie de convívio que acontecia uns dias antes dos casamentos. Isso acontecia por parte do noivo por norma envolvendo só rapazes e por parte da noiva envolvendo só mulheres.

Nessa altura grande parte dos convidados já levava a suas ofertas que eram colocadas em cima da cama. Claro que antes faziam a cama e deixavam-na toda "armadilhada". Desde lençóis cozidos, pijamas amarrados e outras brincadeiras. Valia tudo. A cama era falseada de todas as maneiras e feitios. O momento era de festa.

Era por esta altura no final da folia que os anfitriões ofereciam aos convidados o bolo de noiva embrulhado em papel de manteiga. Todos levavam a sua prenda.

Lembro-me dos meus pais chegarem a casa com esses bolos. As fatias eram racionadas e distribuídas religiosamente lá em casa. É um produto que durava alguns dias sem se estragar e sem grandes cuidados de conservação.

É um bolo de pequenas dimensões, que leva farinha, açúcar, manteiga, leite, batata-doce, erva-doce, canela, etc.

Depois de tudo amassado com muito saber e do tempo de levedura, são colocados numa base de folha-de-couve e cozidos num forno a lenha. Mal saíam do forno levavam umas pinceladas de manteiga que lhes dava uma aparência única. Só de os ver já fazia "crescer água na boca".

Com o andar do tempo a tradição de os confeccionar para essa boda praticamente desapareceu, mas a qualidade e particularidade do produto mantém-se, quando é feito seguindo a receita original. Em Santana ainda há quem os faça.

Tal como o pão caseiro é um dos produtos que merece ser preservado, para que por vezes não se dê nome a coisas que na realidade quase nada tem que ver com o original.