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Artigo de Opinião

Economista

24/04/2021 08:00

Em pandemia, os tapetes nem esticam tanto nem tapam tudo como dantes.

Hoje, a sociedade está focada na luta diária pela saúde pública e pela vida, com a necessidade de vencer o temível vírus. Ao mesmo tempo, as preocupações de sobrevivência económica são cada vez maiores entre nós. Estes medos existenciais - sejam referentes à saúde ou à economia - têm um claro efeito nas expetativas de maior transparência dos representantes políticos.

Assim, reduz-se consideravelmente a paciência pública para as desculpas do establishment sobre as suas falhas. Será que sem pandemia Donald Trump teria perdido as eleições, onde ficou exposta a sua desastrosa gestão política? Será que na Alemanha a CDU não teria tido uma transição de candidato a Chanceler mais natural e pacífica se não existisse na população uma clara sensação de indefinição de estratégia Covid-19?

Estes deviam ser claros alertas para qualquer governante. Podemos sempre apelar à democrática e saudável separação entre justiça e política - "À justiça o que é da justiça, à política o que é da política". Certíssimo. Mas a política não pode somente ficar de braços cruzados à espera da exposição mediática que naturalmente despoleta a ação da justiça. Se queremos maior confiança no processo político, são os próprios partidos que devem melhorar o funcionamento dos seus "filtros internos" para evitar de todo as situações de moralidade pública duvidosa. Filtros esses que retiram impurezas e servem para promover a transparência e a democracia interna.

Sugestão da Semana: Os cravos são para todos os democratas. Seja social-democrata, socialista, comunista, liberal, ou centrista, não se esqueça de apanhar um cravo vermelho para amanhã. A presença da Iniciativa Liberal na descida da Avenida da Liberdade foi recusada pela Associação 25 de Abril, a entidade responsável pela organização do evento. A necessidade de autorização prévia de uma associação se um partido político pode ou não participar na marcha comemorativa do 25 de abril é dos maiores contrassensos que persistem no nosso país. A continuada tentativa de apropriação do 25 de abril por parte de certos quadrantes do espetro político, ao mesmo tempo que exclui outros, é um grande sinal de imaturidade democrática em Portugal. Cravos para todos!

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