Os pais e os educadores no geral têm uma grande responsabilidade na assimilação pelas crianças e adolescentes, desta desafiante tarefa de ensino-aprendizagem, pois são os principais modelos de influência, que se pretende positiva e promotora de saúde essencialmente no período infanto-juvenil. São vários os ambientes que podem determinar a adoção positiva destas "ferramentas para a vida", como por exemplo: a família, a escola e a sociedade.
No Guia prático para as famílias - pré-escolar, infância e adolescência: estratégias de prevenção do consumo de substâncias lícitas e ilícitas (Unidade Operacional de Intervenção em comportamentos aditivos e dependências- Direção Regional de Saúde- UCAD-DRS) estão escritas ideias e estratégias que pretendem ajudar os pais e educadores no geral, no ensinamento, na prevenção e na promoção de uma educação para a saúde. Foi com base neste guia, que vos apresento algumas dicas destinadas à fase da infância (dos 3 aos 9 anos de idade) que me parecem bastante importantes.
As atitudes e os comportamentos apreendidos pelas crianças com idades compreendidas entre os três e os nove anos têm uma importância fundamental em todo o processo de desenvolvimento, podendo ser determinantes nas decisões e opções que venham a tomar no futuro. Nestas idades é importante ajudar as crianças a tomar decisões e incutir o sentido de responsabilidade. Como fazer? Definir regras e transmitir valores humanos - as regras por um lado são importantes para o bom funcionamento da família e para a prevenção dos comportamentos de risco. Esclareça o porquê das regras e seja específico na sua definição, detalhando, quem faz o quê, quando, como e onde. Estas não são estanques, pois evoluem e alteram-se face às diferentes dinâmicas familiares e à medida que as crianças se vão desenvolvendo. Por outro lado, os valores humanos, construídos socialmente, têm um papel significativo na tomada de decisão pela pessoa. Ter valores humanos bastante claros é fundamental para ser um adulto responsável e saudável. Assegure-se que a criança compreende os valores transmitidos na família em todos os momentos, tais como a honestidade, a solidariedade, a partilha, o respeito. Conversar com o seu(s) filho(s) - Incuta na sua família um tempo para o diálogo, estabeleça uma conversa aberta e sincera, respeitando sempre o espaço do seu filho quando este não quer conversar, pois há crianças que são mais caladas do que outras. Para que as conversas sejam mais atrativas esteja a par dos assuntos que lhes interessam. Ouvir o seu(s) filho(s) - ouça sem interromper o seu raciocínio e sem emitir juízos de valor. Olhe-o nos olhos, mostrando-se interessado no que ele lhe diz. Fale abertamente sobre tudo. Brincar com o(s) seu(s) filho(s) - através da brincadeira, os pais podem proporcionar a aquisição de competências pessoais e sociais, tais como a tomada de decisão, a resolução de problemas, a resistência à frustração e a expressão de sentimentos. A criança ao explorar os seus brinquedos desenvolve os domínios da afetividade, da socialização, da atividade física e intelectual. Falar com o seu(s) filho(s) sobre a importância de aprender a dizer "não" - saber dizer que não ou ser assertivo é uma competência pessoal essencial, pois pode prevenir possíveis consumos de drogas prejudiciais para saúde. Treine várias formas de dizer "não", dando exemplos de situações simples, do dia-a-dia.
A DRS através da UCAD tem vindo a desenvolver projetos de carácter preventivo, baseados na evidência científica, em vários contextos de intervenção (comunitário, escolar, desportivo, recreativo), em que a consciencialização da importância da educação para as competências de vida, os valores, a saúde, tem sido uma prioridade. Para que este esforço seja alcançado o envolvimento atento e presente dos pais e educadores no geral torna-se fundamental. Com esta coesão ou sinergia pretendemos um desenvolvimento que se quer integral e equilibrado, repleto de saúde.