«Quando os ventos de mudança
sopram,
algumas pessoas erguem barreiras,
outras constroem moinhos»
Érico Veríssimo(?)
Sopram ventos de mudança.
Na verdade, a brisa sente-se já há uma mão cheia de anos.
Começou com um desapontamento, uma espécie de tristeza, com um Governo de 37anos que já não conseguia dar respostas novas a problemas antigos.
Quando o desapontamento começou a dar lugar ao descontentamento, foram beber inspiração aos clássicos. Um toque Shakespeare e uma pitada de Lampedusa, e eis que surge uma espécie de Leopardo Lear, com laivos edipianos, com a missão de matar o pai e mudar tudo sem que nada mudasse.
A prometida renovação foi afinal uma remodelação estética e mesmo essa, de curta duração.
Em quatro anos a brisa, passou a vento fresco, e a maioria absoluta passou a precisar de um casamento. Noiva conveniente encontrada e uma pandemia para acalmar as ondas mantiveram uma noção de mudança na continuidade durante mais quatro anos.
Ainda assim, o vento fresco soprou um pouco mais forte, o casamento precisou de um pouco mais de pimenta e um parceiro de ocasião, para manter a fachada, mas que não resistiu ao primeiro arrufo. Quem não gostou da modernice foi o pai, que não foi convidado nem fez juras de eterno silêncio.
A História diz-nos que os regimes nunca mudam por dentro, quando muito corroem-se, quebram e desmoronam, em nuvens e escombros. A História também nos diz quem se recusa a aprender com ela está condenado a repeti-la, como farsa ou como tragédia. Sem surpresa, ensaia-se o retorno de um ou dois filhos pródigos, pacientes.
Mas ao fim de 48 anos, os ventos de mudança sopram, hoje, bem mais forte. Aproxima-se uma ventania.
Qualquer que seja o resultado das eleições da próxima semana algo mudará. O regime está hoje mais instável do que nunca, até pela quantidade de notícias de pressões internas que passam pelas brechas das barreiras que, à pressa, tenta erguer à sua volta.
As opções são, para mim, muito claras: Tentar manter tudo na mesma ou virar a página para construir um futuro novo, mais risonho.
De um lado estão aqueles que para se manterem agarrados à rocha estão dispostos a tudo, até a apoiar-se nos filhos da Outra Senhora, com os seus fatos escuros, que ao longe cheiram a naftalina, mas não escondem o bafio nem ao que vêm. Ou aqueles que dizem querer mudar, mas prometem ficar só a ver do seu cantinho.
Do outro, aqueles que, como talvez tenha dito Érico Veríssimo, perante os ventos fortes de mudança, escolhem erguer moinhos. Aqueles que sabem (e querem) aproveitar essa energia Schumpeteriana para criar mais oportunidades para que cada qual faça o seu pão e possa construir um futuro melhor na terra que, por nascimento, por casamento, ou por escolha, decidiram chamar casa.
Daqui a uma semana temos esta oportunidade para construir uma alternativa responsável. Tal como disse há um mês, é a si que cabe escolher quem será mais útil para limpar a imagem da Madeira.
Por mim, estou pronto para Virar a Página e contruir os moinhos que canalizem a energia criadora para a construção de uma Madeira Melhor para mais gente.
E lembre-se que o seu voto só é útil se o usar para mudar o que está mal.