Para hoje, e como o Natal está à porta, deixo aqueles que acho são os melhores discos deste ano que está a terminar - a indústria discográfica fica agora em alguma dormência com lançamentos de ‘Best of’, álbuns de Natal, e outras coisas do género, por isso é com alguma segurança que avanço com estes -, e pode sempre ser útil para uns pedidos ao Pai Natal.
Fontaines D.C. - Skinty Fia
A banda de Dublin City, daí o D.C., já vai no seu terceiro álbum. Não abandonando a sua vertente punk, mais ao estilo de Joy Division que Ramones, Skinty Fia é uma declaração de amor à sua Irlanda, é um carta de saudade a quem se instalou em Londres, mas com saudade de Casa.
Destaques: "I Love You", "In ár gCroíthe go deo", "Roman Holiday"
Kendrick Lamar - Mr. Morale & The Big Steppers
Das poucas pessoas que sabemos o que contar no mundo do Hip Hop. Kendrick lança, provavelmente, o seu álbum mais pessoal, em que o expoente máximo é a colaboração com Beth Gibbons de Portishead.
Destaques: "Mother I Sober", "Auntie Daries", "Crown"
Rosalía - Motomami
É aquele álbum que não sabemos o que achar inicialmente, com o passar do tempo auscultando como deve de ser chegamos à conclusão que Rosalía é fruto de um mundo cada vez mais globalizado e que consegue capturar isso num disco.
Destaques: "La Fama", "Candy", "Delirio de Grandeza"
The Smile - A Light for Attracting Attention
The Smile tem parecenças com Radiohead, não fosse 3/4 da banda membros de Radiohead, o outro 1/4 vem de Sons of Kemet, banda londrina de jazz, e podemos dizer que é a delicadeza de Radiohead com o swag de Sons of Kemet.
Destaques: "We Don’t Know What Tomorrow Brings", "The Smoke", "Speech Bubbles"
Big Thief - Dragon New Warm Mountain I Believe in You
O quinto álbum da banda americana é capaz de ser o mais conseguido. São 20 músicas que nos levam de um lado para outro, no folk rock suave que nos sempre habituou, mostrando Adrianne Lenker é, provavelmente, a "singerwritter"mais prolífica da atualidade e com qualidade.
Destaques: "Certainty", "Change", "No reason"
E cinco álbuns em português, dentro do possível…
A garota não - 2 de abril
A canção de intervenção faz parte do universo musical português, mas que parece que ficou parada no tempo. Este "2 de abril", traz a música de intervenção para o século XXI.
Destaques: "Prédio mais alto", "Dilúvio", "Canção a Zé Mário Branco"
MARO - can you see me?
E quem diria que depois do festival da canção haveria coisas bonitas para ouvir? Seguindo a tradição dos últimos anos, MARO usa o fama da vitória e mostra-nos ao que veio.
Destaques: "juro que vi flores", "am i not enough for now?", "can you see me?"
Tim Bernardes - Mil Coisas Invisíveis
O português do outro lado do Atlantico, aquele que provoca saudade. O segundo trabalho de Tim, Bernardes, e não o nosso, é o expoente máximo do que se fez a nível musical este ano. Completo, suave, carinhoso, cúmplice e quente é a MPB levada ao máximo.
Destaques: "Nascer, Viver, Morrer", "Olha", "Última Vez"
Fado Bicha - OCUPAÇÃO
Um fado diferente? Sim, podemos dizer que sim. Fado eletrónico? Também é aceitável. Fado rock? Confirmamos que sim. Fado de intervenção? Sim, porque não. Fado Bicha é tudo isto e muito mais, e é muito bom.
Destaques: "Lila Fadista", "Crónica do maxo discreto", "Requiem para Valentim"
Branko - OBG
Em Portugal também fazemos boa música eletrónica, não é só fado. Moullinex é capaz de ser o expoente, Branco vem logo atrás. Misturando ritmos africanos, juntamente com o tradicional portugês OBG (obrigado, penso eu), é o resultado do Portugal atual.
Destaques: "NAFÉ", "SDDS", "CTG.
E se houvesse mais espaço… Nilüfer Yanya - Painless (Midnight Sun); Yeah Yeah Yeahs - Cool it Down (Spitting Off the Edge of the World), Black Country, New Road - Ants From Up There (Concorde), Mt. Joy - Orange Blood (Orange Blood).