Mas pronto. Eu não tive culpa. Era mais forte do que eu. Eu não mandava no meu coração. Na altura sofria de uma doença grave, uma tal de paixão à primeira vista e comecei logo a ter sintomas. Primeiro foi um friozinho na barriga. De repente o coração já batia a mil. Do nada, dava por mim hipnotizado. E claro está, no meio deste romance, a matéria entrava por um ouvido e saía pelo outro! Se nas outras disciplinas as notas baixaram sem que a linha de água fosse atingida, já em matemática as coisas deram para o torto. Tanto que, por altura da auto avaliação, lembro-me de ter pedido um 3 e a professora ter franzido o nariz. Percebi que estava metido em apuros. Mais, que o amor era fogo que ardia sem se ver, mas que se chegasse a casa com uma negativa, provavelmente as orelhas iam esticar até fazerem faísca uma na outra... Tinha, portanto, que fazer alguma coisa. Decidi então esperar pelo fim da aula e pedir para falar com a professora. A stora Celestina, amável como sempre, acedeu ao meu pedido, mas explicou que as notas dos testes não chegavam à positiva. Retorqui. Falei do meu passado imaculado e prometi que no período seguinte compensaria aqueles "descuidos". Na verdade, fui embora sem saber bem o que esperar... Será que teria direito àquele voto de confiança? No lugar dela eu talvez não desse. Enfim. Só me restava aguardar! Mas e não é que tive?! Acreditem que me serviu de lição. Nunca mais me distraí nas aulas, jamais fui apanhado a conversar e mais nenhuma vez troquei um bilhete de amor...
Já o nosso Presidente não pode dizer o mesmo. É que, há dias, em plena campanha/inauguração/passeio/whatever, foi visto a receber manuscritos de forma dissimulada. Prontamente foram levantadas suspeitas. Uns diziam ser um mapa. Outros garantiam ser uma conta. A mim só me veio à cabeça outra coisa... Os tempos em que a minha querida mãe me dava dinheiro como se estivesse a passar droga! Juro. Ora metia-me uma nota no bolso quando todos estavam distraídos. Ora dobrava um cheque em 4 e cumprimentava-me com um "bacalhau à dealer" que passava despercebido até ao mais atento!
Mas voltando ao nosso líder, este lá sentiu a necessidade de se justificar. Explicou que o senhor "estava a dar um bilhete sobre um problema que ele tem". Bem. Quem sou eu para desconfiar? Ninguém. E se querem mesmo saber, só há aqui uma coisa que me deixa de pé atrás... Como é que ainda há gente cujos problemas cabem num papelinho?! Eu cá já avisei o meu pai que, se tiver o azar de passar no meu número, no porta a porta que anda a fazer, pode preparar-se para levar com um rolo de papel higiénico Maxi XXL acolchoado de folha dupla com frente e verso...
Porém também nem tudo é mau! O que não falta é gente feliz da vida. Olhem, aquele ex gestor do BES, por exemplo... Esse não deve caber em si de contente. Safou-se de ir a julgamento à conta de um erro do Ministério Público e, com jeitinho, ainda vai ter direito a uma indemnização. Só não convém é aparecer na Venezuela! De resto está tudo bem.
Tão bem, tão bem que até se pode candidatar à presidência do Marítimo! Porque não? O Carlos André Gomes já deu o 1.º passo. O Miguel Silva Gouveia não deu, mas também não disse que não o ia dar... "Não ponho de parte uma candidatura pessoal, nem integrar uma candidatura. Isto, claro, dependendo das listas e dos projetos". Às tantas está só a tentar convencer Paulo Cafôfo a concorrer para depois este renunciar e... Esqueçam. Sei lá. Já não digo nada.