Nós, portugueses, temos características muito próprias. A esse conjunto chamamos, numa totalidade, a Portugalidade. Um desses tratos que sempre me fascinou foi a comparação com o outro, ou com o vizinho, isto pode chegar ao ponto da inveja, ou em bom madeirense, invejidade.
Comparamo-nos com os espanhóis, por exemplo, “o salário mínimo tem de ser igual ao de Espanha”, com os Países Baixos “devíamos ter as mesmas políticas em relação aos animais como eles”, para não falar dos impostos como os países bálticos, etc. O engraçado é que nós madeirenses sofremos de dupla Portugalidade, temos o mesmo ponto de comparação com os outros países, ao quais soma-se com o de Portugal Continental. Chegamos ao ponto da comparação do absurdo, e todos nós sabemos de qual é o caso que estou a falar. Se a Portugalidade principal está no nosso ADN, a triste sina do fado, etc., a Portugalidade madeirense, é explicada pela formatação sistemática que é feita há aproximadamente 50 anos.
No momento em que vos escrevo, dois das figuras políticas principais eleitas não estão nos seus gabinetes, correção, uma está e outra não, acho eu, não sei, isto é complicado e uma pessoa perde o fio à meada. Os casos que levaram a que tal acontecesse têm, no seu cerne, favorecimentos a empresários em troca de algo, vulgo, corrupção, tráfico de influências e um cem número de outros assuntos. A questão que fui colocando nos últimos foi “isto é novidade?”, a maioria respondeu que não, não era - o Povo fala e comenta, o Povo não se engana, mas é enganado. A segunda foi “mas há surpresa?”, estranhamente neste ponto, houve surpresa, acho que a incredulidade do que o Povo fala e comenta, ter tido este fim, surpreendeu o Povo, são 50 anos daquela formatação, em que as trocas de favor estão tão enraizadas na sociedade madeirense, que o Povo foi enganado a pensar que era normal.
O Povo depois começou a arranjar desculpas, da mesma forma que fizera no passado, em que houve um buraco financeiro de biliões foi justificado pelas obras feitas, este caso é com o crescimento da economia. Mas ambos os casos têm a auto-vitimização do Povo, a culpa é de Lisboa, que é um atentado à autonomia, e como li de um antigo presidente regional, responsável pelo tal buraco financeiro de biliões “operações coincidentes com eleições, visando políticos e empresários que objetivamente personificam cortes com o passado colonialista”, como se o caso que abalou a Região Autónoma da Madeira, em que o seu Povo é constantemente prejudicado por quem devia defendê-la, fosse uma cabala contra a mesma.
Não, não é. Os problemas destes casos, buraco financeiro, troca de favores, etc, é que atacam o Povo madeirense, esse que é sempre enganado.
III Guerra Mundial
Este é que seria o tema da crónica desta semana foi passado para segundo plano. O leitor, deverá ter reparado que nos últimos anos a geopolítica mundial está cada vez mais instável. Guerra na Ucrânia, Guerra no Sudão, a crescente tensão entre as Coreias, China-Hong Kong-Taiwan, Guerra Israel-Palestina, crise do Mar Negro, Guyana-Venezuela, Crise no Equador...
São alguns conflitos que se espalham pelo globo. Muitos deles com os mesmos protagonistas por trás, a realidade é que atualmente estamos a assistir a um genocídio em direto, em Gaza, uma guerra perto das nossas portas, Ucrânia-Rússia, um bloqueio no Mar Negro, que afeta todo o comercio mundial, potências nucleares a entrar em conflito indireto.
E nem tem a coragem de dizer que estamos mais perto da III Guerra Mundial, que nunca.