No passado dia 10 de março ocorreram as eleições para a Assembleia da República, fruto da opção do Presidente da República em antecipar o ato eleitoral. O contexto nacional antevia uma mudança radical na composição parlamentar, e nesse aspeto, as expectativas vieram a ser confirmadas.
Perante o contexto nacional, que ditou a queda do Governo da República e consequentemente com a necessidade de haver mudança na liderança do Partido Socialista, observou-se, tal como se previa, uma mudança das intenções de voto do eleitorado. O PS obteve uma quebra de 13,02%, sendo que, na Madeira, tal como no continente, essa quebra também se observou, neste caso ligeiramente inferior, tendo diminuído 11,63%.
No entanto, ao contrário do que seria expectável, era de esperar que houvesse transferência de votos para a alternativa governativa liderada por PSD, mas cedo se percebeu que isso não iria acontecer, e isso explica os resultados eleitorais da AD, que foi uma vitória muito aquém dos objetivos, que pouco ou nada garante um futuro para o país.
Apesar de ter havido um aumento muito interessante do número de pessoas que foram às urnas, a coligação liderada por PSD obteve uma menor percentagem que PSD e CDS juntos em 2022, caindo quase 1% em todo o espaço nacional, sendo que, na Madeira, a quebra conseguiu ser superior, tendo caído 4,45%.
Em consequência desta falta de alternativa credível para Portugal, assistiu-se a um muito forte aumento do voto de protesto que fez com que a extrema-direita, liderada pelo CH conseguisse um aumento irrepetível, tendo subido no espaço nacional quase 11%, tendo obtido na Madeira um aumento semelhante.
Por aqui se vê, e ao contrário dos arautos da desgraça, que tentam a todo o custo fazer leituras regionais, num resultado eleitoral, que é acima de tudo nacional, os resultados das eleições no círculo eleitoral da Madeira, segue a mesma tendência do que ocorrera a nível nacional. Até a abstenção seguiu a tendência nacional.
Considerar que as pessoas foram às urnas votar em cabeças de lista regionais, não é ter seriedade, é sim, procurar alimentar casos para destabilizar a situação política complexa que se vive atualmente na região.
Não tenhamos dúvidas, é necessário haver eleições regionais na Madeira, e espera-se por parte do Sr. Presidente da República que, na próxima semana, isso mesmo seja anunciado. Perante isto, temos os dois principais partidos com responsabilidade de apresentar solução governativa a se prepararem para esse combate eleitoral, por um lado o PSD, que ainda irá efetuar a sua eleição interna, por outro o PS que em janeiro deste ano teve o seu congresso, que definiu por unanimidade a sua estratégia e a sua liderança rumo às eleições regionais.
Portanto, neste momento só há uma dúvida entre estes dois partidos, é saber quem do lado do PSD se apresentará a eleições. Tudo o resto são casos e casinhos que não passarão disso mesmo.
Ainda esta semana verificamos por parte do CDS, que mais parece um peso morto pendurado ao PSD, uma vontade visceral para que Marcelo Rebelo de Sousa não dissolva a Assembleia Regional, e com isso, não antecipe as eleições. Ora até se compreende que a sobrevivência do CDS dependa dessa decisão do Sr. Presidente da República, contudo, para bem da legitimação política que se impõe, tal como na República assim decidiu, na Madeira, é necessário que rapidamente se avance para as eleições antecipadas, na certeza de que as pessoas saberão fazer a melhor escolha e terão no PS, uma alternativa robusta para governar a região.