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Artigo de Opinião

28/05/2024 08:00

Em 2012, quando começou a subversão organizada do que então era o PSD/Madeira - cumpliciada até pelo primeiro-ministro Coelho - lembro-me de ter alertado publicamente que a cultura centralista de Lisboa, reforçada por posições ganhas pela maçonaria nos maiores Partidos, tudo faria para “travar” a Autonomia Política conquistada pelo Povo Madeirense.

É que as Autonomias Políticas dos Açores e da Madeira atrapalham a subjugação dos Portugueses de Portugal Continental aos “interesses” com sede em Lisboa.

Aliás, “travar a Autonomia” foi até proposta do derrotado candidato a Secretário-Geral do PS, escandalosamente o mais votado pelos seus “camaradas” cá do sítio.

Desde 2012, infelizmente cumpriu-se o meu presságio.

Os “travões à Autonomia” fizeram-se por dentro do PSD/Madeira, tirando-nos força. Enquanto, hipócritas, os respectivos serviçais invocavam, rendendo-se, “na Europa já não há maiorias absolutas”. O que, inclusive a nível das Regiões, não é plenamente verdade.

A arma fortíssima do PSD/Madeira, a luta por MAIS AUTONOMIA, nossa prioridade das prioridades, porque todo o resto depende disto, foi secundarizada com um pretexto culturalmente saloio, argumento mentiroso: “a Autonomia não dá votos”!...

E a outra arma fortíssima, a UNIDADE que nos fazia uma Armada, também foi e é desavergonhadamente rebentada.

Destruição agravada pelo recente simulacro de um “congresso”. Agravada pelas ainda continuadas inscrições de não sociais-democratas no Partido, só para segurar o sexteto que constitui o “núcleo duro” da “renovação” - o nó do problema - e que agora encabeça a lista para o Parlamento regional. Agravada pela composição desta mesma lista.

Tudo isto enfeitado pela incompetência que persiste em ignorar a preparação inteligente e sustentada do Futuro da Madeira, preferindo agarrar-se a imediatismos demagógicos e a questões de essencialidade duvidosa.

E com costas largas, assentes em disponibilidades financeiras antes inexistentes.

Um líder que não une, NÃO É líder! Quando em 2014 vi que já não era possível unir o Partido, deixei de concorrer à sua presidência.

E assim aqui chegámos!...

Sem força em Lisboa, sem força em Bruxelas.

Aqui chegámos hoje, 27 Maio 2004, quando escrevo este texto que nunca pensei ter de escrever.

Durante décadas, a posição política de Centro, na Região Autónoma, chegou a atingir os dois terços de Confiança do Povo. Hoje, anda à volta de um terço. Durante décadas, ao Centro, o PSD empurrava a “direita” e a “esquerda” para os seus sítios. Hoje, somos confundidos com a “direita”!...

Em próximos 10 de Junho, tenho curiosidade em ver quais as distinções que premiarão tão “altos” serviços prestados a Lisboa...

Reparem.

Isto sucede num período em que, na Madeira, até a Economia e o Emprego estão bem. Em que a Qualidade de Vida é inegável. Em que existe uma quota de Eleitorado bem firme que não confunde a Coerência e a Dedicação à Autonomia e à Social-Democracia com a desastrada “renovação”. Em que a Oposição não descola da mediocridade exibida que nem nas presentes circunstâncias foi capaz de corrigir. Em que há uma importante legião de eleitores que não quer perder “tachos” ou subsídios, individuais ou a pessoas colectivas, substituído que foi o Estado Social pela subsídio-dependência, esta, nalguns casos, clara vadiação.

Eleições em que até se chegou ao ponto de votar no PSD... porque “mal menor”!...

E mesmo assim deu o resultado que aconteceu!...

Até com seguidismo pessoais, em troca da Madeira e do Partido relegados para segundo plano!

Nem com todos estes votos os actuais dirigentes do PSD conseguiram disfarçar uma crise política grave, que nem resulta da governação, mas decorre da vida interna e de comportamentos no seio do Partido ainda mais votado.

De saudável, ficam três evidências.

A primeira, é a força ideológica que as Causas da Autonomia e da Social-Democracia mantêm na Consciência de muitos Eleitores. Apesar de tudo...

A segunda é que, mesmo o PSD ganhando nos preocupantes termos actuais, está dada a resposta a Lisboa. É que não nos intimidam as expedições policiais em aviões MILITARES, mesmo que estabeleçam inaceitavelmente um alarme social, mais a mais depois desacreditadas pela decisão de um Juiz.

Em terceiro lugar, a posição intelectualmente adulta tomada pelos Eleitores Madeirenses, à semelhança dos países democraticamente mais aperfeiçoados, não querer o obscurantismo comunista num Parlamento democrático. Hoje, e tenho muita honra nisso, apesar de todas as campanhas políticas que o colonialismo, dolosamente e com gastos financeiros substanciais, montou contra a Autonomia Política da Madeira durante 50 anos, o nosso Sistema Político madeirense permite diversas soluções sempre democráticas para esta situação a que se chegou, ou qualquer outra.

O necessário é o bom-senso encontrar a saída adequada para a governabilidade do Arquipélago, mas com a Estabilidade temporal indispensável, os quatro anos.

Se, nos grandes Estados centrais, a instabilidade e a falta de Confiança que acarreta, trazem prejuízos importantes às respectivas populações, então o que seria isso acontecer num pequeno território de poucos recursos - que os Partidos não sabem como ultrapassar - como é o caso da Madeira?...

E assim aqui chegámos...

Só em oito meses, o PSD/Madeira perdeu 20% de votos!

Bem me custa assistir a isto!

Porém não farei a vontade aos prevaricadores, rendendo-me. Até porque estou habituado à hostilidade. Nalguns casos inimaginavelmente vinda de quem vem.

Entristece-me, mas não tem categoria para doer.

Sigo S. Francisco: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado. Resignação para aceitar o que não pode ser mudado. E sabedoria para distinguir uma coisa da outra. Senhor, que queres que eu faça?”.

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