A este avanço repentino do fogo, que todos dizem não ter memória que alguma vez tivesse ocorrido, seguiu-se uma noite de autêntico inferno em toda a zona alta da freguesia do Porto Moniz e mesmo quem se encontrava junto ao mar, na nossa pitoresca Vila, viu as chamas descerem encosta abaixo num autêntico rio de lava.
Os estragos provocados pela força das labaredas chegaram a muitos. Arrisco-me a dizer que não há uma pessoa nas Achadas da Cruz e no Porto Moniz que não tenha vivido, de forma mais ou menos próxima, esta autêntica fatalidade que se abateu sobre o nosso concelho.
Nos meus mais de trinta anos de autarca nunca tinha presenciado e vivido com a população que me elegeu momentos de tamanha angústia e aflição. Vivemos tudo todos juntos. Sentimos tudo todos juntos. Comungamos do desespero inicial de vermos as chamas consumirem anos de trabalho e do alívio de constatarmos que não havia nenhum desalojado nem perda de vidas a lamentar.
Por agora, embora já com o pensamento focado em nos reerguemos das cinzas, é tempo de agradecer. Em torno de um acontecimento que nos fragilizou muito sentimos a onda de colaboração e entreajuda. Sentimos solidariedade.
É tempo de agradecermos o empenho do Serviço Regional de Proteção Civil, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Vicente e Porto Moniz e de todas as corporações de bombeiros que colaboraram na árdua tarefa do combate às chamas, onde se incluem os bombeiros que se deslocaram de Portugal Continental.
Às forças de segurança, Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana, que foram incansáveis e cujo contributo foi essencial principalmente na evacuação dos nossos idosos, com a colaboração da Cruz Vermelha.
Aos inúmeros particulares, associações, coletividades, empresários locais e regionais que apoiaram, desde a primeira hora, com os mais diversos donativos, nomeadamente, estadias, roupa de cama, refeições, bens alimentares diversos e água, contribuindo para que nada faltasse a quem combatia, na linha da frente, numa autêntica guerra com um inimigo poderoso e impiedoso.
À Direção da Escola Básica e Secundária do Porto Moniz e à Diocese do Funchal, na pessoa do Pároco da Paróquia de Santa Maria Madalena (Porto Moniz) que abriram as suas portas para acolherem a população evacuada das suas casas.
Uma palavra de especial agradecimento às empresas que prontamente acederam a colaborar com a autarquia na desobstrução de canais e no transporte de água para consumo humano, transporte este para o qual temos contado também com a colaboração da Águas e Resíduos da Madeira. Este agradecimento é extensivo ao Comando Operacional da Madeira, na pessoa do Major-General Rui Pedro Matos Tendeiro, que prontamente encaminhou o nosso pedido de colaboração ao Comando da Zona Militar da Madeira, a quem muito agradecemos a prestimosa ajuda dos militares na desobstrução de canais de água.
Temos feito um esforço enorme para garantir que não faltará água nas casas da população do Porto Moniz e para continuarmos a oferecer a quem nos visita uma certa normalidade, ainda que aparente, através do normal funcionamento da restauração e hotelaria e do funcionamento, ainda que condicionado, das nossas infraestruturas.
Aos funcionários da autarquia e aos inúmeros populares que colaboraram no combate direto às chamas e nas ações de limpeza que ainda decorrem um pouco pelas duas freguesias afetadas.
Uma palavra de agradecimento a toda a população que, na sua generalidade, embora devastada pela destruição e pelas perdas materiais, em alguns casos avultadas, se solidarizou comigo e com o meu executivo neste momento tão difícil.
Por entre um cenário que é agora dominado pelo negrume das cinzas e das propriedades totalmente carbonizadas subsistiram as casas e, sobretudo, as pessoas que ajudarão a reconstruir tudo o que se perdeu.
Em meu nome pessoal e de toda a população que represento é tempo de dizer "Obrigado!" a todos quantos, com a sua preciosa ajuda nos fizeram sentir um abraço de conforto em horas tão difíceis e nos endereçaram as mais diversas mensagens de apoio. O abraço sentido motiva-nos para seguirmos em frente, ao lado das nossas gentes, ajudando na difícil fase de reconstruirmos o que as chamas cruelmente destruíram.