Ora, num momento em que são visíveis alguns sinais de retoma económica, melhorias no desempenho e crescente aposta nas iniciativas privadas empresariais, devemos não perder de vista, apesar de tudo, todos estes indicadores de ligação entre a Educação, o Emprego e o Trabalho.
Portugal, aqui, no entanto, pode e deve melhorar. Os nossos trabalhadores revelam indicadores de relevo. Não obstante, existe, a nosso ver, espaço de melhoria. Justamente, naquela ligação Educação-Emprego-Trabalho. Na realidade, 43,3% dos que trabalham por conta de outrem, não têm mais do que o 9.º ano. À semelhança, de resto, do que ainda acontece com os dados relativos aos empregadores, particularmente, das pequenas e médias empresas, aquilo que corresponde, aliás, à grande massa empresarial portuguesa.
Não percamos de vista, ainda, que o dado de referência, para avaliar o impacto das qualificações na sustentabilidade das empresas, é a fórmula apurada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, nos relatórios que medem as qualificações dos países. Este organismo internacional aponta que, por cada ano de escolaridade a mais na média da população, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países sobe 0,5%.
Querer convergir com os referenciais internacionais significa, portanto, para Portugal, um investimento crucial, particularmente apostando na prioridade aos sistemas de educação e formação, fazendo mesmo coincidir os discursos políticos com efetivas opções de política educativa e afetação dos recursos. Indiscutivelmente, este desígnio, conecta-se com o objetivo da coesão social.
A este propósito, de resto, parece existir, como temos defendido neste espaço de reflexão, um largo consenso. Deve aproveitar-se.
Assim sendo, mais do que nunca, deve trazer-se à evidência, tanto nas oportunidades, como nos riscos, tudo aquilo que este desígnio nos traz associado ao futuro do trabalho. Mas, sobretudo, colocar a necessidade, sem tibiezas, de reforçar a premência em reagir aos desafios estruturais há muito identificados. Estamos concretamente a falar na formação e na qualificação dos trabalhadores induzindo, aqui, um reforço competitivo nacional, que não deverá ser mais desvalorizado ou esquecido por quem nos governa.
Parte da resolução deste problema estará dependente, assim, das condições de trabalho e dos estímulos para incentivar os empregadores a investirem de forma igual em todos os trabalhadores através de iniciativas de formação, reconversão e atualização.
Ideias de resto que estão igualmente expressas em algumas das 18 recomendações que os autores do estudo do EDULOG, que assinalamos, deixam no mesmo: é necessário fazer uma revisão dos curricula, articular a oferta formativa, fortalecer as parcerias com as empresas, programas de apoio à empregabilidade, articulação com políticas de desenvolvimento regional e ter sistemas de monitorização e avaliação.