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Artigo de Opinião

Deputado na ALRAM

20/04/2022 08:01

Acreditava-se que esta seria a oportunidade para o Governo central tomar uma atitude quanto aos lesados do BES e do BANIF. Até o próprio primeiro-ministro, António Costa, assumiu, numa visita eleitoral à Madeira, em 2017, que várias pessoas tinham sido aldrabadas pelo sistema. Lembro-me da esperança que muitos sentiram quando, nessa mesma visita, o socialista garantiu que, por parte do Governo, existia "vontade política" para responder ao problema.

Já lá vão cinco anos destas declarações e os lesados destes bancos continuam esquecidos. Muitas destas pessoas, que perderam o esforço de uma vida inteira, fazem parte das nossas comunidades e outras residem nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. São homens e mulheres que confiaram na banca portuguesa, nos bancos do seu país, e acabaram por ser roubados. Para piorar o cenário, sentem-se gozados diariamente quando são obrigados a assistir a "injeções" de milhões no Novo Banco, por parte do governo socialista, que tem o apoio da extrema-esquerda portuguesa.

A possibilidade de concretizar essa tal vontade política foi novamente adiada neste Orçamento do Estado, o que confirmou a intenção socialista de preferir brincar com a esperança destes lesados.

Infelizmente, não ficamos por aqui quando o assunto é ainda Orçamento e TAP.

Esta companhia aérea recebe, anualmente, financiamento do Estado para criar conforto não só para os madeirenses, como também para a Diáspora, todos continuamente esquecidos.

Paulatinamente, existem menos ligações aéreas entre a Madeira e os países que acolhem comunidades portuguesas. Hoje, por exemplo, a nossa comunidade na África do Sul tem mais de 400 mil portugueses, mas não tem uma ligação aérea por parte da companhia de bandeira nacional. Recordo que o sócio maioritário desta companhia é o Estado.

Em vez de ambas as entidades trabalharem em conjunto, em prol de todos os portugueses no Mundo, preferem ignorar essa necessidade.

Temos, por outro lado, um sistema consular que não dá resposta aos portugueses e descendentes, mesmo com os funcionários a fazer diariamente um esforço enorme para tentar dar a melhor resposta possível. Mas, tal torna-se impossível num país que não aplica nenhuma estratégia ou visão concisa para todos. Os nossos irmãos espalhados pelo mundo preferem tratar da sua documentação durante as suas férias em Portugal, em vez de fazer agendamento no seu país de acolhimento, porque o mesmo pode levar meses.

Há que salientar, ainda, entre tantos assuntos possíveis, o Programa Regressar que também continua a ser discriminatório.

O Estado não resolveu esta situação. Um programa que nasceu para ajudar os portugueses que procuram regressar a casa, mas que excluiu as regiões autónomas. Podia ser modificado no caminho, mas o Governo socialista, até agora, entendeu que não. Lembro que o Grupo Parlamentar do PSD Madeira apresentou uma solução para resolver esta situação, depois de ouvir, no Parlamento regional, um grupo de cidadãos regressados da Venezuela que levantaram queixas por causa desta discriminação negativa com as regiões autónomas, mas, até hoje, nada feito.

Enquanto os deputados socialistas na Assembleia da República (incluindo os três deputados do PS Madeira) aplaudem e gritam que este é o melhor Orçamento de sempre, a nossa diáspora e as nossas regiões autónomas continuam a lutar por um tratamento justo e pela resolução dos inúmeros dossiers que Costa meteu na gaveta.

Há uma afirmação de um socialista, com a qual concordo, no que respeita ao OE, que revela que "estamos perante um orçamento do Estado virado à esquerda". Não encontro nenhuma falha nesta frase. No ADN das esquerdas está a marca da incompetência e da discriminação.

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