MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

AQUINTRODIA

3/01/2020 08:00

Ficava bem no anfiteatro gambiarrado da nossa capital.

Jamais quisemos tanto, porém, que se fosse embora um Ano.

Já o 2010 era bonito e foi o que foi, com aquele 20 de fevereiro de má memória. Será do 20?

Haverá por aí estudiosos de cartas astrais e de outros que tais, de alinhamentos e conjugações, que terão justificadas razões para o annus horribilis.

Que tudo isto anda ligado, sabemos nós.

Como sabemos que muito disto é da nossa irresponsabilidade.

O desrespeito pela natureza é gritante, as agressões são criminosas.

A nossa sobranceria anda de rastos.

Afinal, podemos ser os racionais, mas não deixamos de fazer parte deste universo que descuidamos.

Aprenderemos com esta pandemia?

Aprendemos, seguramente, que há mudanças urgentes a implementar.

Passámos por celebrações duma forma mais contida, mais autêntica, mais genuína, revalorizando atitudes e presenças, com menos euforia, mas mais condizente à nossa natureza comunitária.

Abandonámos a relevância do ter, para voltarmos ao ser.

Tomámos consciência de que somos uma bolha onde todos são relevantes. O que sucede num cantinho chega ao todo.

Pensemos um pouco nestes rochedos que se ergueram das profundezas e se tornaram ilhas.

Estamos alojados num arquipélago atlântico.

Orgulhosamente, vencemos o basalto, semeámo-nos pelas encostas, alindámos e burilámos uma pérola, edificámos estratégias de sobrevivência.

De artistas do saber aproveitar a generosidade da terra, inventando a arte de levadas e poios, fomos pouco a pouco supervalorizando caminhos que hoje se questionam, abandonando outros de que hoje sentimos falta.

O crescimento exponencial do turismo, à procura do grande capital, luxo, glamour…hoje tem sabor a fel.

É relevante avaliar a necessidade de retomar caminhos, testar a sustentabilidade e menor dependência.

Não estarão muitos ovos colocados num cesto? Sim refiro-me ao cesto do turismo, da alta restauração e outras dependências em crise.

Somos um arquipélago de serviços.

Quase abandonámos a produção.

Há que repensar a Madeira neste dealbar do 2021!

Que se juntem os mais variados sectores e se construam, com participação alargada, linhas de rumo.

Sim, que se repense o turismo, avaliando quem viajará depois desta pandemia e que procura neste rincão.

Que se reveja a produção agrícola que podemos ampliar, na vertente hortícola e frutícola, sabendo tirar proveito das nossas condições climáticas e das tecnologias ao dispor, reduzindo a dependência.

Que se avalie a imensidão do mar que nos envolve!...

Que voltemos ao mar em força!

Recordo as fábricas de conservas de peixe que já prosperaram na Ilha…

A nossa floresta, a produção vegetal, as espécies subtropicais, a energia que poderia provir do composto vegetal.

Voltar à terra com dignidade e rentabilidade.

Uma festa da flor com produção exclusiva da Ilha.

O aproveitamento energético alargado do sol e calor que nos bafeja.

A investigação na nossa universidade, motor de caminhos e inovação.

Os eventos culturais diversificados, a criatividade valorizada e divulgada.

A educação generalizada, a implementação de valores e atitudes.

A formação profissional incentivada.

O desporto repensado e popularizado.

Retomar a genuinidade duma terra que respeite e inove os caminhos da tradição.

A pandemia tem de fazer-nos mais solidários, combatendo as desigualdades dum capitalismo caduco, sem os vícios de outros «ismos» decrépitos.

Repensar uma Madeira sustentável é obrigatório, é urgente.

Porque o que é nosso é Bom!

Desde que seja mesmo Nosso!

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