2: Em 2018 foi celebrado um novo acordo para a organização da Web Summit em Portugal no período entre 2019 e 2028, pelo qual a cidade de Lisboa garantia à organização um investimento anual de 11 milhões de euros. Tal como com a Jornada Mundial da Juventude da Igreja Católica, estimava-se inicialmente que o retorno económico da Web Summit rondasse os 300 milhões de euros. Contudo, em 2019, um estudo mais realista do Ministério da Economia reviu o impacto da cimeira para um valor 75% abaixo do inicialmente previsto.

3: Em 2023 temos Lisboa como palco da Jornada Mundial da Juventude e os custos avultados da infraestrutura a contruir especificamente para o efeito causam avultadas críticas na sociedade portuguesa, dado o momento crítico que a economia atravessa. Aliás, a própria Igreja Católica tinha escolhido esta Jornada para celebrar a memória de São Francisco de Assis, "um convite à fraternidade universal", como afirmou o Bispo Auxiliar de Lisboa.

Lisboa teve 4 anos para organizar o evento, o que levanta algumas questões. Era mesmo necessário deixar para o último semestre a adjudicação da obra do palco? O então Presidente da Câmara de Lisboa e atual ministro das finanças Fernando Medina esteve a procrastinar para depois chegarmos a 2023 com avultadas quantias adjudicadas excecionalmente a ajuste direto?

Agora ninguém quer ser o "pai do altar-palco de 5 milhões de euros" e o atual Presidente da Câmara de Lisboa Carlos Moedas já prometeu baixar os custos do palco. Mas perante um país em ebulição social, com os portugueses a sentirem a carestia da inflação e os resultados de 7 anos de escolhas políticas socialistas, é natural que haja um maior escrutínio.

Estes três casos sublinham a repetição de avultados investimentos camarários em eventos que prometem sempre um elevado retorno, mas que a generalidade dos portugueses não sente. Por outro lado, as mesmas autarquias que abraçam efusivamente estes investimentos avultados para a realização de eventos, queixam-se dos custos das transferências de competências do Estado, como no âmbito da educação. Recordemos que a palavra "autarquia" deriva do grego "autarkéia" que significa comandar-se a si mesmo - e não comandar eventos alheios.