Se tínhamos a impressão de que a democracia lusa não andava por bons caminhos, estes rankings ajudam a confirmar a rota de colisão com o insucesso a que estamos fadados. Esta análise revela claramente a falência da democracia no nosso país, pois sem igualdade perante a justiça, falar de democracia é pura retórica. Nem falo da independência judicial nem da corrupção, assuntos em que qualquer governo socialista é catedrático e tem provas dadas na matéria. Está visto que no que toca à democracia, foi o fartar vilanagem, mas governados por uma maioria bolivariana desde 2015, outro resultado não seria de esperar. A única diferença é que a Venezuela tem a gasolina mais barata e apesar das bonitas portuguesas (não são as do Bloco), também mais Misses Mundo.
Se a trajectória no plano democrático já foi suficientemente má, a trajectória no plano social não foi melhor. As políticas demagógicas das esquerdas radicais que sequestraram o governo nos últimos sete anos, de orçamento de estado em orçamento de estado, de forma sub-reptícia e programática foram destruindo a debilitada classe média portuguesa. A máxima foi: nivelar por baixo. Um dos instrumentos de tortura foi a política do aumento irresponsável do salário mínimo nacional sem a correcção dos vencimentos subsequentes, que levou a uma compressão da massa salarial e à criação de uma mega classe operária. A meu ver, justiça social não é todos ganharem uma miséria, justiça social é cada um auferir de um vencimento justo e de acordo com a parte que contribui para a sociedade.
Mas esta galopante distorção salarial pode ser confirmada pelos números: em 2021, segundo o Eurostat, o salário mínimo nacional já representava 68,4% do valor do salário médio mensal em Portugal. Desde 2015 o salário mínimo nacional cresceu quase 32%, enquanto o salário médio cresceu apenas 8%. Esta distorção salarial origina também uma distorção social, pois os trabalhadores mais qualificados têm os seus vencimentos cerceados e auferem ordenados médios pouco superiores ao salário mínimo. Este governo socialista está a transformar o nosso país no país dos ordenados mínimos e a criar uma classe de operários licenciados. Como pode o país ser competitivo, inovar e criar riqueza, quando temos técnicos superiores com ofertas de emprego de mil euros? Que perspetivas podem ter estes jovens? Como podem sair da casa dos pais e formar família? Sem querer parecer elitista, como pode uma família incentivar o filho a obter uma licenciatura para depois ganhar pouco mais do que um empregado de café? Como pode o elevador social funcionar?
Toda esta lógica salarial é perniciosa e contribui para a erosão da classe média. Mas atenção, sem classe média, não há impostos, sem impostos não há apoios sociais, sem impostos os sistemas de saúde e de educação colapsam, sem classe média todo um país se desmorona. Atrever-me-ia a dizer que sem classe média não há democracia. Uma sociedade civil débil, pela transformação da classe média numa classe mínima e um estado pouco democrático são os ingredientes perfeitos para um desastre anunciado. Temos que acabar com esta geração dos mil euros e temos de o fazer rapidamente, espero que ainda se vá a tempo… mas não será certamente com as esquerdas no poder.